Saber controlar as emoções diante de desafios é uma capacidade que muitos buscam. Cursos, palestras, livros e ajuda profissional fazem parte da caixa de ferramentas daquele que deseja ser mais autocontrolado.
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E é perceptível que uma pessoa com maior controle sobre seu comportamento e que não cede às pressões e à ansiedade tão comuns hoje, tende a ter uma melhor qualidade de vida. Um estudo realizado na Nova Zelândia e publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, no início de 2021, comprova os benefícios do autocontrole na saúde, tendo reflexos no envelhecimento do indivíduo, inclusive.
O mais interessante, é que os pesquisadores apontam a importância de se obter essa competência ainda na primeira infância, já que eles acompanharam mil pessoas desde o nascimento até os 45 anos de idade, aproximadamente, realizando avaliações de saúde física e psicológica, em intervalos regulares.
A conclusão foi que de que os participantes que adquiriram maior autocontrole quando ainda eram bem jovens, estavam envelhecendo de forma mais lenta. "Descobrimos que pessoas que usam o autocontrole desde a infância estão muito mais preparadas para o envelhecimento do que seus colegas da mesma idade", explicou Terrie Moffitt, professora de Psicologia e Neurociência da Universidade de Duke e uma das pesquisadoras.
Saúde física e mental
Para observar o nível de autocontrole dos durante a infância dos participantes, os pesquisadores contaram com a ajuda dos pais e dos professores das crianças. Quando as mesmas tinham 3, 5, 7, 9 e 11 anos, foram feitas avaliações que consideraram a hiperatividade, a perseverança, a desatenção, o impulso agressivo e demais formas de impulsividade.
Mais tarde, a partir dos 26 anos de idade dos participantes, eles passaram a ser observados quanto aos sinais de envelhecimento fisiológico, incluindo as atividades cerebrais. Em todos os casos, a pesquisa apontou que o autocontrole prediz comportamentos de saúde como dieta, fumo, consumo de álcool e exercícios e proporciona o envelhecimento mais lento na fase adulta.
Além disso, os pesquisadores puderam avaliar a preparação financeira de cada um deles, ao fazerem uma série de entrevistas. Foi notado que o maior autocontrole na infância também impactou na maneira como aqueles participantes, agora adultos, encaravam desafios financeiros, como também os sociais e de saúde.
A partir disso, Leah Richmond-Rakerd, professora assistente de psicologia da Universidade de Michigan e outra autora do estudo, reforça identificar as maneiras de ajudar as pessoas a se prepararem com sucesso para os desafios que a velhice pode apresentar, apostando na primeira infância. "Nossa população está envelhecendo e vivendo mais tempo com doenças relacionadas à idade. Descobrimos que ter autocontrole no início da vida pode ajudar as pessoas a um envelhecimento saudável", explica.
Nem tudo está perdido
Se olhando para sua rotina atual e a maneira como tem lidado com as situações da vida, você percebeu que definitivamente o autocontrole ainda é algo que precisa ser adquirido, não entregue o jogo. Talvez durante sua infância você não tenha sido estimulado a ter esta habilidade.
E embora seja mais fácil tê-la adquirido desde cedo, o autocontrole pode ser aprendido ao longo da vida e a meia-idade oferece uma nova janela de intervenção. De acordo com os pesquisadores os participantes também mudaram naturalmente seu nível de autocontrole ao longo da vida adulta. Essa mudança de curso feita em tempo impactou em uma melhora na qualidade de vida e preparo para a velhice.
"Os fumantes que param na meia-idade conseguem viver mais e os indivíduos que desenvolvem melhor aptidão cardiovascular nesse período também vão mais longe e têm menos probabilidade de desenvolver demência", exemplificam. "Também há evidências de que as práticas positivas de meia-idade, como o uso de estratégias de enfrentamento adaptativas para controlar os estressores da vida podem interromper a associação entre adversidades na infância e resultados negativos de saúde em longo prazo", concluem.
"Os fumantes que param na meia-idade conseguem viver mais e os indivíduos que desenvolvem melhor aptidão cardiovascular nesse período também vão mais longe e têm menos probabilidade de desenvolver demência", exemplificam. "Também há evidências de que as práticas positivas de meia-idade, como o uso de estratégias de enfrentamento adaptativas para controlar os estressores da vida podem interromper a associação entre adversidades na infância e resultados negativos de saúde em longo prazo", concluem.