A China informou nesta quinta-feira (13) que detectou o novo coronavírus em uma amostra de asas de frango congeladas importadas do Brasil. O vírus foi encontrado em uma amostra coletada da superfície de um lote, informaram as autoridades de saúde chinesas.
Essa não é a primeira vez que o vírus é detectado em embalagens ou carnes congeladas. Nesta mesma semana, autoridades de saúde da China detectaram traços do Sars-CoV-2 em camarões importados do Equador, entre outros casos.
Os casos acendem a preocupação sobre a transmissão de Covid-19 por meio de alimentos, mas especialistas atualmente acreditam que esse risco não é alto. O novo coronavírus é transmitido principalmente de pessoa a pessoa por gotículas respiratórias, emitidas ao falar, tossir ou espirrar. "Atualmente não há evidência que indique a transmissão de Covid-19 associada a alimentos", afirma o Centro Para Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA.
A entidade explica que é possível que uma pessoa contraia Covid-19 ao tocar uma superfície ou objeto que tenha o vírus e depois tocar boca, nariz ou olhos. "Mas não se acredita que essa seja a principal forma de transmissão do vírus", ressalta o CDC. Em temperatura ambiente, o vírus pode sobreviver de algumas horas a alguns dias em superfícies, dependendo do material.
O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi questionado durante entrevista coletiva desta quinta-feira sobre a notícia de que amostras de frango do Brasil testadas na China continham traços do novo coronavírus. "Vamos continuar a monitorar descobertas como essa, mas não há evidência de que o alimento ou a cadeia de alimentos esteja participando na transmissão desse vírus", afirmou o diretor executivo da entidade, Michael Ryan.
Cuidados
Vírus da família do coronavírus podem ficar inativados em baixas temperaturas e voltar a se desenvolver quando são descongelados. Estudos anteriores com esses outros tipos de coronavírus indicam que o Sars-CoV também pode sobreviver por um período maior nas temperaturas dos congeladores que temos em casa, explica Lígia Alves da Costa Cardoso, professora de mestrado e doutorado em Biotecnologia Industrial da Universidade Positivo.
Embora o risco de contaminação ao tocar em embalagens e alimentos seja baixo, os seguintes cuidados devem ser adotados, segundo a especialista:
- Evitar consumir alimentos crus: a pesquisadora ressalta que seria necessário ingerir uma grande quantidade do vírus em alimentos contaminados para que ele causasse problemas de saúde, mas recomenda que os alimentos sejam cozidos antes do consumo. Uma temperatura de 70 graus Celsius é suficiente para inativar os vírus;
- Higienizar as embalagens dos alimentos e as mãos antes de manipular os alimentos. Além disso, os mesmos cuidados que temos fora de casa devem ser seguidos no preparo dos alimentos: não levar as mãos à boca, aos olhos e ao rosto;
- Evitar contaminação cruzada: um alimento contaminado pode contaminar outros alimentos cozidos ou crus, utensílios, a bancada de trabalho e a pia, por isso a higienização é importante. Ao manipular alimentos, é preciso higienizar as superfícies e lavar facas e outros utensílios antes de usá-los em outros alimentos;
- Higienizar frutas e verduras com uma solução de água sanitária: o recomendado é misturar uma colher de sopa de água sanitária em um litro de água e deixar as frutas e verduras nessa mistura por dez minutos. Depois, é preciso enxaguá-los com água filtrada para então guardá-los na geladeira. "Se as frutas e verduras estiverem contaminadas, podem causar contaminação cruzada se tiverem contato com outros alimentos na geladeira", explica Lígia Cardoso.