Japão, Coreia do Sul e China são os únicos países, até o momento, a terem registrado casos de pacientes que testaram positivo para o coronavírus pela segunda vez. No caso dos dois primeiros, apenas um paciente de cada país teve reinfecção relatada. Já no cenário chinês, esse número passa dos 100 casos. No entanto, na China é difícil determinar se são casos de reinfecção, ou se os pacientes foram liberados antes da cura completa, diante do tamanho da epidemia.
Até o momento, não há estudos ou testes que comprovem a possibilidade de reinfecção. "É muito cedo para falar sobre reinfecção do Sars-Cov-2, porque na verdade os países que começaram com a infecção do vírus, ainda estão se recuperando daquela curva epidemiológica e estão descendendo com os casos agora", explica Thatiane Nakadomar, médica infectologista do Hospital São Vicente, em Curitiba.
Com a queda dos casos em países como a China, os estudos se iniciarão, mas serão focados, em um primeiro momento, na própria infecção causada pelo novo coronavírus, no manejo clínico dos pacientes, nos pacientes em estado grave, em medicamentos que auxiliam no tratamento e até para vacinas.
"Não tem dados suficientes para reinfecção, nem na literatura médica há algo que diga respeito a isso. Existem casos relatados, mas não tem nada formal.", completa a infectologista.
Chance de reinfecção é rara
Apesar de ainda ser cedo, até mesmo para pesquisas do novo coronavírus, há porém um consenso informal - ou seja, sem estudos ou testes específicos - entre os cientistas de que é muito rara a possibilidade de uma reinfecção do coronavírus.
De acordo com uma matéria do Los Angeles Times, é mais provável que os pacientes que testaram positivo uma segunda vez, tenham surgido de erros nos testes (erros humanos ou um núcleo ácido extremamente sensível que capta "pedaços" do vírus).
"Se você pega uma infecção, seu sistema imunológico é acelerado contra aquele vírus", informou Keiji Fukuda, diretor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong, ao jornal americano. "Para ser infectado novamente seria bem incomum, a não ser que o seu sistema imunológico não estivesse funcionando direito".
Em uma fala ao Congresso norte-americano, o presidente do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, foi perguntado se quem contraiu o vírus já estaria imune. "Nós não provamos formalmente, mas é altamente provável que esse seja o caso. Porque, se funciona como outro vírus qualquer, assim que você se recuperar, não será re-infectado", projetou Fauci.
Dúvidas
O caso do Japão e da Coreia do Sul ainda deixa dúvidas do que possa ter acontecido. Ambos os pacientes voltaram a apresentar os sintomas do Covid-19 menos de uma semana após deixarem o hospital.
Já o caso chinês é mais difícil de analisar. Até porque, pelo tamanho da epidemia no local e até a construção dos hospitais emergenciais, houve uma seleção de pacientes a serem tratados, o que poderia indicar que alguns fossem liberados ainda sem estarem curados, apresentando novamente os sintomas.