Coral Canto que Cura foi idealizado pelo projeto Brasil Sem Alergia.| Foto: Luiz Alberto Medeiros/Canto que Cura

Chamar pelos filhos um pouco mais alto era algo que Auriete Teixeira Rosa não conseguia mais fazer. Faltava fôlego e sobrava cansaço. Subir as escadas ou os morros do Rio de Janeiro, cidade onde mora, era algo praticamente impossível. Diagnosticada com asma e DPOC, a dona de casa de 45 anos precisou reaprender a respirar e, surpreendentemente, conseguiu melhorar cantando.

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Auriete faz parte do coral Canto que Cura, idealizado pelo projeto Brasil Sem Alergia, que reúne cerca de 40 pessoas com problemas respiratórios como asma, doença obstrutiva crônica pulmonar (DPOC) e enfisema pulmonar. Além de cantarem, eles recebem a medicação que precisam gratuitamente e convivem com quem passa por situações parecidas.

Os benefícios de cantar

Cantar ajuda os pacientes com doenças respiratórias por dois motivos principais, conforme lista Marcello Bossois, médico alergista e imunologista, e coordenador do projeto. “Você socializa aquele paciente e o traz para uma atividade lúdica que mexe com a musculatura respiratória, que melhora a adesão do paciente ao tratamento”, diz.

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Conforme Bossois, ao perceberem uma melhora, os pacientes tendem a suspender o tratamento. O processo inflamatório do pulmão, no entanto, continua e leva a um fenômeno chamado de remodelamento dos brônquios.

Da inflamação existente no órgão, surge uma cicatriz, que atrapalha a elasticidade do pulmão, tornando-o pouco expansivo. Com isso, a respiração fica ainda mais comprometida e as atividades cotidianas, como lavar louça ou passar a roupa, tornam-se difíceis.

“Não é um coral normal, porque tem o trabalho de fortalecer a musculatura, aderir ao tratamento e socializar. E o problema da falta de ar é em grande parte físico, mas também psicossomático”, diz o coordenador.