Tanto a bulimia quanto a anorexia dão sinais ainda na infância e adolescência.| Foto: Bigstock
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A busca incessante pelo peso ideal é uma meta, muitas vezes, inalcançável. Atrás da perfeição vendida, especialmente, na internet, não são poucos os casos em que a pessoa desenvolve algum tipo de transtorno alimentar.

Tanto a bulimia quanto a anorexia dão sinais ainda na infância e adolescência, mas com um pouco de sensibilidade da família é possível tentar evitar que a autoimagem seja responsável por comportamentos tão prejudiciais à saúde.

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“Eu nunca fui uma criança magra. Mas na escola, lá pelos meus 8 anos, já me sentia deslocada”, afirma Mariana Coelho. Ao longo da adolescência, quando ela engordava um pouco, os regimes, feitos sempre com acompanhamento de nutricionista, surtiam o efeito esperado.

Com 23 anos, porém, a então publicitária começou a induzir o vômito quando achava que tinha comido demais. “Eu fui achando jeitos de fazer muito silenciosamente e muito rapidamente”, revela.

Foram anos enfrentando a bulimia, sozinha, até Mariana conseguir parar, em 2014. Mas só depois de muito tempo conseguiu falar a respeito. Hoje ela tem uma relação totalmente diferente com a comida e se tornou terapeuta ayurveda. “No vício em bebida ou cigarro você pode optar por parar com aquilo. Com comida, não. Você não pode parar de comer”, destaca ela.

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Ilusão das redes socias

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A endocrinologista Rosângela Réa acredita que a internet é uma das grandes responsáveis por comportamentos desse tipo, principalmente em adolescentes. “Os jovens consomem muito conteúdo estimulante. São corpos perfeitos, de revista. A criança já cria uma recusa pelo próprio corpo”, diz ela. Por isso é importante desde sempre os pais reforçarem positivamente a imagem dos filhos, segundo a médica.

Comida demais ou de menos

Rosângela ressalta que nem sempre é fácil perceber que a criança ou o adolescente apresenta sinais de que algo está errado, mas alguns comportamentos podem ser um alerta. “Aquele adolescente que come excessivamente, mas não engorda e aí levanta da mesa e já quer ir pro quarto ou pro banheiro. Pode ser esteja indo vomitar”, conta.

Já a anorexia é mais fácil de constatar porque a perda de peso é expressiva. “Em alguns casos as meninas emagrecem tanto que até param de menstruar”, aponta a médica. O tratamento inclui terapia e antidepressivos, nos casos mais graves.

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Mais elogio, menos crítica

Nessa fase da vida, com mudanças hormonais e de comportamento, a atitude dos pais é um grande diferencial, defende Rosângela. “Adolescente tem uma identificação grande com o que os pais acham bom, eles querem corresponder a um padrão familiar”, constata. Ao mesmo tempo, são muito sensíveis a críticas. E é por isso que oferecer um estilo de vida saudável em casa, sem neurose com o corpo ou o peso, é fundamental.

Diálogo é o caminho

Ao identificar que o filho tem uma preocupação excessiva com a balança ou que comer é sempre um drama, a indicação da endocrinologista é que os pais reajam de maneira sutil, evitando críticas. “Não precisa achar que tudo é doença. Só porque o filho não come bem isso não significa que deva ir para o psicólogo. Em muitos casos não tem essa necessidade”, reforça ela. O importante é estar presente e conversar.

É justamente o que tem tentado fazer Mariana. Depois de uma publicação nas redes sociais contando o que passou, ela se surpreendeu com a quantidade de mensagens que recebeu de pessoas que também sofrem com algum tipo de transtorno alimentar.

Ela decidiu formar um grupo terapêutico para dar voz a quem precisa dividir histórias desse tipo. “Você vê que esse problema não é só seu. Trocar essas experiências é importante pra você se sentir acolhido”, conclui.