Antes mesmo de se casar, a curitibana Dhyne Eliz Rigaud já conversava com o noivo a respeito de quantos filhos gostaria de ter, em quanto tempo e por meio de quais estratégias de planejamento familiar. “Nunca fui a favor de contraceptivos, então comentei com ele que gostaria de usar um método natural para engravidar ou para aumentar o tempo entre as gestações”, afirma a missionária de 30 anos. “Sem contar que, dessa forma, eu conheceria melhor meu corpo e o funcionamento do meu ciclo menstrual”, garante.
São esses benefícios que têm feito com que diversas mulheres como ela escolham trocar o uso de pílulas, dispositivos intrauterinos (DIU), diafragma e outros métodos contraceptivos tradicionais por alternativas sem contraindicações e indicadas para qualquer faixa etária. No entanto, o assunto ainda gera dúvidas e costuma trazer à mente apenas uma possibilidade: a famosa tabelinha. Mas será que essa é a única solução para quem deseja planejar uma gravidez de forma natural?
Chamada oficialmente de método Ogino-Knauss, esse método super conhecido compara os últimos seis ciclos menstruais da paciente para calcular seu período fértil – cerca de 14 dias antes da menstruação – e, com isso, direciona a realização do ato sexual às datas com chance, ou não, de fecundação. O problema, segundo a médica obstetra Bruna Driessen, é que o cálculo leva em conta ciclos regulares, então não é indicado para quem não está nesse grupo.
A boa notícia é que a “tabelinha” está longe de ser a única alternativa existente. Segundo a especialista, existem diversas sugestões para quem deseja esperar mais ou menos tempo para engravidar, e as principais são os métodos de medição da temperatura basal, método sintotérmico e o Billings, que são indicados para diferentes situações.
No primeiro deles, a mulher que deseja engravidar com mais rapidez verifica diariamente sua temperatura corporal em repouso a fim de identificar o aumento de 0,5 °C que ocorre durante a liberação de progesterona no processo de ovulação. Assim, o casal aproveita os dias com essa elevação de temperatura corporal para ampliar a chance de concepção. “E o mesmo ocorre com o método sintotérmico, que une essa percepção da temperatura à observação da elasticidade do muco cervical”, afirma a médica, ao explicar que as secreções vaginais ao longo do ciclo menstrual também ajuda a determinar o período fértil da mulher e obter o esperado positivo com mais facilidade.
Já para quem deseja espaçar por mais tempo uma gestação da outra ao ter 98% de confiabilidade na data estipulada para sua ovulação, a médica orienta o uso de outro método: o Billings. Nessa alternativa – desenvolvida entre as décadas de 1950 e 1960 pelo casal de médicos australianos John e Evelyn Billings –, as pacientes ficam atentas a diversos sinais de fertilidade apresentados pelo organismo, como as mudanças nas secreções vaginais e os dias do mês em que a vulva está mais seca ou úmida.
Para quem deseja espaçar por mais tempo uma gestação da outra ao ter 98% de confiabilidade na data estipulada para sua ovulação, a médica orienta o uso de outro método: o Billings.
Com isso, o casal percebe em quais dias há real chance de ovulação e pode evitar a relação sexual nessas datas, planejando a gravidez para o momento mais adequado aos dois. Além disso, essa alternativa proporciona à mulher um conhecimento profundo do funcionamento de seu corpo, motivo que convenceu a curitibana Dhyne a escolher o método Billings. “Confesso que não foi fácil no começo e que eu fiquei bastante confusa”, revela. “Mas fui me observando com o auxílio de uma instrutora e, aos poucos, entendi exatamente como meu corpo reagia”, completa a jovem, que começou a receber orientações seis meses antes de se casar e garante que esse tempo foi suficiente para entender todas as manifestações de sua fertilidade. “Aí eu e meu esposo esperamos o tempo que precisávamos até aumentar nossa família e agora estou grávida de seis meses”, comemora.
Vale ressaltar, no entanto, que a orientação de uma instrutora como a que ajudou a curitibana é necessário para obter resultados satisfatórios como os dela. Para isso, basta entrar em contato com a Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família (Cenplafam Woomb Brasil) e escolher uma professora cadastrada. As aulas são gratuitas e a obstetra Bruna Driessen garante que o uso do método é melhor do que tomar pílulas anticoncepcionais, por exemplo. “Com a instrução correta, o método Billings é mais eficaz do que usar pílula de modo irregular, algo que vemos demais por aí”, pontua a especialista.