| Foto: Tess Emily Seymour/Pexels
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Em nosso papel como pesquisadores, jovens batem às nossas portas quase todo dia. Eles são tipicamente ambiciosos, inteligentes e laboriosos. Têm um amplo círculo de amigos, e muitos vêm de famílias que os apoiam. Porém, ainda que pareçam muito equilibrados, estamos descobrindo que nossos alunos estão cada vez mais buscando a nossa ajuda não apenas para assuntos acadêmicos, mas de saúde mental.

Não somos os únicos a observar essa tendência. Nos campi universitários do Reino Unido, problemas de saúde mental entre os estudantes estão batendo recordes. E em todo o mundo, jovens têm reportado aos seus médicos, em níveis sem precedentes, problemas com depressão, ansiedade e pensamentos suicidas.

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A ascensão do perfeccionismo

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Os psicólogos de renome Paul Hewitt e Gordon Flett sugeriram que uma das diferenças entre a geração dos jovens atuais e a de pessoas um pouco mais velhas é a tendência a apresentar um maior perfeccionismo.

Definido de um modo amplo, o perfeccionismo é o desejo irracional de não apresentar nenhuma falha, associado a uma dura autocrítica. Mas, em um nível mais profundo, o que distingue um perfeccionista de alguém que é apenas diligente ou laborioso é uma necessidade obcecada de corrigir as suas próprias imperfeições.

Os perfeccionistas sentem a necessidade de se certificar de que atingiram os melhores resultados possíveis, seja através de métricas e pontuações ou por meio da aprovação de outras pessoas. Quando essa necessidade não é satisfeita, eles experimentam uma turbulência psicológica, porque para eles erros e falhas significam que são interiormente fracos e sem valor.

Recentemente, publicamos um estudo na revista Psychological Bulletin que mostra que os níveis de perfeccionismo subiram significativamente entre jovens desde 1989. Consideramos que isso pode ser, pelo menos em parte, um sintoma da maneira como os jovens tentam se sentir seguros, se conectar com os outros e encontrar um valor pessoal dentro de sociedades de mercado neoliberais.

Ideais irracionais de perfeição se tornaram desejáveis – e mesmo necessários – em um mundo em que performance, status e imagem definem a utilidade e o valor de uma pessoa. Você não precisa ir longe para encontrar exemplos: as empresas e seus marqueteiros oferecem todo tipo de soluções cosméticas e materiais para o consumidor com algum tipo de defeito, enquanto o Facebook, o Instagram e o Snapchat colocam à disposição plataformas para intercambiar curadorias da versão perfeita de si mesmo e do seu estilo de vida.

Não é nenhuma surpresa que há evidências substanciais que indicam que o perfeccionismo está associado – e não só – à depressão, à anorexia nervosa, à ideação suicida e à morte precoce.

Nós sentimos uma boa dose de empatia pelas lutas de nossos alunos. Pela primeira vez, a expectativa é de que esta geração será mais pobre ao chegar à vida adulta do que a de seus pais. E não é apenas o bem-estar material que está em jogo – o seu bem-estar físico e mental está ameaçado por essa epidemia oculta de perfeccionismo.

É hora de organizações como as escolas e universidades, bem como os políticos e os servidores públicos que contribuem para moldar a forma como essas organizações operam, tomarem medidas para garantir o bem-estar dos jovens. É preciso que elas resistam a formas mercantilizadas de competição, ou quem pagará por isso é a saúde mental desta geração. É preciso que ensinem a importância da compaixão sobre a competição. Se isso não acontecer, a ascensão do perfeccionismo – e a sua ligação com doenças mentais sérias – continuará incólume.

*Professor assistente da London School of Economics and Political Science.

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**Professor da York St. John University.

©2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.