Pessoas de máscaras em rua de Ancara, capital da Turquia. Máscaras tratadas com compostos químicos prometem eliminar o coronavírus| Foto: Adem Altan/AFP
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As máscaras de proteção contra o novo coronavírus já fazem parte do nosso cotidiano. Agora novos tipos de tecidos, feitos com substâncias capazes de destruir a camada externa do vírus causador da Covid-19, prometem uma proteção extra. A tecnologia já era conhecida antes da pandemia e tem embasamento científico, mas o consumidor precisa ter alguns cuidados antes de comprar e usar esses novos produtos, dizem especialistas.

Várias substâncias têm a capacidade de "matar" o coronavírus, como água sanitária, álcool em gel e água com sabão, que desativam o vírus ao destruir a sua camada externa, formada por um envelope lipoproteico. Mas esses chamados sanitizantes não podem ser aplicados em tecidos de forma duradoura. Outros sanitizantes sólidos já são usados há bastante tempo para esterilizar materiais, e agora têm sido usados também em máscaras de proteção contra o coronavírus. Os principais deles são compostos com íons de cobre ou de prata.

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"Quando esses íons são depositados sobre uma máscara, ficam incorporados ao tecido. Se o ar contaminado passar por essa máscara, o vírus terá contato com os íons e será degradado", explica Gildo Girotto, pesquisador do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O especialista alerta que a proteção oferecida pelo produto não é total, já que o vírus ainda pode passar por frestas da máscara.

Idealmente, o fabricante deve fazer testes de laboratório específicos para comprovar que aquele material é capaz de eliminar o coronavírus. Mas os laboratórios credenciados a fazer esses testes, no Brasil e no mundo, são os mesmos que fazem os diagnósticos de Covid-19 na população, e que hoje estão sobrecarregados. "Hoje, eu diria que é muito difícil conseguir fazer os testes com produtos antivirais. Existem muito poucos no Brasil que têm condições e tempo para realizar esses testes", diz Ubirajara Pereira Rodrigues Filho, pesquisador do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).

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Portanto, a recomendação é ter cautela com produtos que não foram certificados. Isso porque mesmo os produtos feitos com substâncias com propriedades antivirais já conhecidas podem ter quantidade insuficiente do composto para que funcionem corretamente. "A questão é a quantidade de material antiviral que o fabricante colocou naquele tecido para que ele seja realmente eficaz", ressalta o professor da USP.

"Se a concentração é muito baixa, ou a fixação no tecido é muito pobre, a máscara fica prejudicada", alerta Rodrigues Filho, lembrando que a fixação do princípio ativo na máscara é importante para que ele não se perca com o uso e manuseio da máscara.

Carlos Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunorregulação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lembra que é preciso seguir as recomendações de lavagem e manutenção dessas máscaras, que normalmente tem um prazo de validade e perdem eficácia cada vez que são lavadas.

Também existe a preocupação de que esse tipo de máscara provoque uma falsa sensação de segurança. "A pessoa não está necessariamente protegida com o uso dessa máscara. Isso vai depender de como o usuário vai utilizar o item", diz Zárate-Blades, que lembra que as mesmas regras de uso das máscaras comuns devem ser seguidas: não se deve colocar a mão na parte externa da máscara, ou colocar as mãos no rosto, e o prazo de validade e as especificações sobre lavagens devem ser respeitados.

Além disso, o especialista recomenda que os interessados em comprar esse tipo de máscara fiquem atentos à origem do fabricante e se o material segue os requisitos básicos de segurança para qualquer máscara, incluindo as caseiras, como ser composta por três camadas de tecido. De preferência, o produto deve ser feito com tecidos que não se esticam, para não facilitar a passagem das partículas virais por vãos em sua trama.

"Precaução" é a palavra de ordem ao escolher uma máscara de proteção, segundo os especialistas. "O consumidor precisa ler com cuidado as informações do fabricante e procurar certificar essas informações junto ao órgão competente – verificar se há registro em algum órgão fiscalizador e se o princípio ativo foi testado", recomenda Rodrigues Filho.

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