Sentir fome pela manhã mesmo tendo devorado uma macarronada na noite anterior pode acontecer. Quando concentramos os carboidratos (e exageramos), especialmente as farinhas brancas e refinadas, à noite, é bem provável que o sono seja prejudicado.
E quando dormimos mal, sentimos mais fome ao acordar, como lembra Alessandra Stefani, nutricionista responsável pelo setor de Nutrição do hospital universitário Evangélico Mackenzie, de Curitiba.
"A pessoa que dorme mal se debate bastante, tem um sono mais agitado. Com isso, o gasto de calorias e energias do corpo nesse período é maior. Quando ela acorda, geralmente sente mais fome do que em comparação a quem tem um sono tranquilo", explica a nutricionista.
Se a noite for tranquila, o metabolismo do corpo consegue reduzir as tarefas e não consumir tanta energia quanto durante o período em que passamos acordados. E a relação não vale apenas para as refeições que comemos à noite, mas para todas as atividades que desempenhamos quando deveríamos estar dormindo ou próximo da hora de dormir.
Em um estudo de 2016, realizado na Universidade Federal de Uberlândia, 34 homens que trabalhavam ora no período diurno, ora no noturno, tiveram as refeições e a sensação de saciedade avaliadas. Na conclusão, a pesquisadora percebeu que nos dias seguintes às noites trabalhadas, os participantes relatavam terem mais fome antes da hora do almoço, assim como maior ansiedade.
Carboidrato à noite pode
Comer carboidratos à noite não está proibido. Incluir esse grupo alimentar nas refeições antes de dormir é importante, desde que ele não seja o elemento principal (ou único) do prato.
"Verduras, leguminosas, uma proteína podem acompanhar o carboidrato. Mas esse deve ser dividido ao longo do dia, pela manhã, almoço e jantar. Não dá para deixar para comê-lo todo à noite, porque isso afeta o sono e no outro dia terá mais fome", explica Regiani Pitol, nutricionista do Hospital Pilar, de Curitiba.
Do consumo calórico total do dia, os carboidratos representam entre 50% a 60%. Isso acontece porque são alimentos que geram energia – e é o motivo pelo qual também não devem ser excluídos totalmente da dieta, embora possam ser administrados.
"Esse consumo varia por sexo, idade, altura, atividade física. É muito individual. Mas é importante incluir porque é a nossa primeira fonte de energia. É aquela que vai ajudar a levantar da cama cedo, caminhar. Ainda assim, devemos saber dividir o consumo ao longo do dia e sempre incluir um vegetal, uma leguminosa, uma proteína, para ter o equilíbrio", reforça Regiani.
Vale lembrar ainda que se você fizer exercícios físicos à noite, comer um pão ou qualquer outra fonte desse grupo alimentar é essencial para garantir a energia. "A pessoa precisar estar bem assistida com nutrientes para que o treino seja bem realizado, e para continuar se exercitando. Há quem decida não comer antes do treino pensando em emagrecer, mas isso dura no máximo duas semanas. Não aguenta mais que isso", explica Lili Purim Niehues, nutricionista.
Evite o zero carb
Em dietas low carb, o consumo dos alimentos do grupo dos carboidratos pode ser limitado ou, melhor ainda, adaptado. Troca-se a farinha branca e refinada pela integral ou associa-se com sementes fontes de fibra, bem como vegetais, frutas e legumes.
Substituir o carboidrato pelas fontes de proteína, porém, não é a melhor solução, porque as funções desses alimentos são bastante diferentes, conforme lembra Lili Purim Niehues, nutricionista.
"As funções dos carboidratos são essencialmente energéticas, para a produção de energia. São eles que estimulam as enzimas que fazem a roda girar e a reação metabólica acontecer. As proteínas são nutrientes estruturais e quando você a usa para dar energia, é uma energia alternativa. Eles não são próprios para isso", comenta a especialista.