Robert Gessner Junior, professor de química da rede estadual e particular de ensino ficou 35 dias internado durante as festividades de fim de ano, devido à contaminação pelo novo coronavírus. Foram 16 dias intubado e sete utilizando a ECMO (Membrana de Oxigenação Extra Corpórea).
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Dentre as sequelas pós-Covid, o professor adquiriu a síndrome de Guillain-Barré, com atrofia do pé esquerdo e limitação dos movimentos da mão esquerda, dificultando sua locomoção e demais ações. “De acordo com minha médica neurologista os movimentos irão melhorar aos poucos, podendo chegar à normalidade, ainda que não de forma total”, explica ele.
Recuperado, mesmo permanecendo com sequelas, Robert retornou às salas de aula de modo presencial com um misto de sentimentos, como conta: “Foi muita emoção, muita alegria, era um misto de sentimentos porque eu amo o que faço e queria muito voltar a trabalhar. Graças à Deus eu consegui. Claro que existe um pouco de medo por causa das limitações, como tropeçar e cair, mas eu vou com calma e assim tudo vai dando certo”.
Tanto o apoio no ambiente de trabalho, como no familiar foram imprescindíveis para a superação das dificuldades, sejam elas oriundas das sequelas ou dos medos por nova contaminação, facilitando o retorno de Robert ao trabalho.
“É muito bom estar ao lado da minha família. Eles sempre me apoiaram e incentivaram para retornar ao trabalho, para eu não me desanimar pelas minhas limitações e dificuldades, sempre seguindo em frente. Eles contribuíram de uma maneira inexplicável desde o início do tratamento até agora, no retorno às minhas atividades”, conta Robert.
Suporte para a retomada
Rosane Melo Rodrigues, psicóloga do Hospital Marcelino Champagnat, explica que é comum que o retorno a atividades presenciais gere desconforto, insegurança e até mesmo medo, diante do contexto pandêmico em que estamos vivendo.
E para quem já teve a Covid-19 ou perdeu alguém para a doença, esse sentimento é ainda mais forte. “Vamos precisar de muito tempo para perder o medo da contaminação, até porque foram muitas vidas perdidas de uma forma extremamente abrupta”, diz ela.
Contudo, é preciso buscar formas de encarar o medo de sair de casa e buscar uma vida mais comum possível. A psicóloga alerta que muitas pessoas acabaram adquirindo transtornos ao longo desses 18 meses de pandemia, e muitos são associados ao constante medo da contaminação.
Portanto, além de uma intervenção profissional, nesse momento de superação, é imprescindível a motivação e apoio familiar, como tem acontecido ao Robert. Rosane acreidta que é preciso demonstrar a importância do convívio com outras pessoas, sempre mantendo os cuidados básicos, independentemente de já se ter passado pela contaminação ou não.
Cuidados redobrados
Apoiado pela escola onde leciona, Robert mantém os cuidados. "Eu levo o álcool em gel no meu jaleco, passo o tempo inteiro nas mãos e não tenho nenhum contato com aluno, pois o que eles precisam me mostrar, ainda que estejam em modo presencial, o fazem através da plataforma. E se não têm acesso à internet durante a aula, realizam quando chegam em suas casas”, conclui.