Eles começam tão fraquinhos que a gestante precisa se esforçar para descrever a alguém o que está sentindo. Algumas semanas depois, os movimentos se tornam mais intensos, frequentes e, no último trimestre da gestação, já é possível observar a barriga mexendo bastante enquanto o bebê se diverte dentro do útero. “Era uma sensação maravilhosa, porque parecia que ela estava conversando comigo”, relata a consultora de vendas Joycelaine Fornazzari.
Mãe da pequena Anastácia, de apenas 2 meses, ela percebia que a menina mudava de lugar, chutava e dava alguns “soquinhos”, principalmente quando ouvia a voz do pai ou descobria que a mamãe ia tomar banho. “Esse era um dos momentos que ela mais gostava, então era só eu contar que ia para o chuveiro que nossa filhinha fazia a festa”, recorda a paranaense, ao afirmar que esses gestos também lhe traziam alívio, pois confirmavam que estava tudo bem.
E, de acordo com o médico obstetra Antônio Paulo Mallmann, é exatamente isso que acontece, porque “os movimentos do bebê demonstram boa vitalidade fetal dentro do útero”. Só que essas ações demoram para ser percebidas pela gestante. Segundo o especialista, é comum a mulher identificar o pequeno mexendo todo o corpo pela primeira vez por volta da 19ª ou 20ª semana de gestação, enquanto acenos menores, como aqueles com as mãos ou pés, podem demorar bem mais até serem sentidos. “A não ser que a mãe esteja na segunda gravidez, por exemplo, e tenha uma percepção melhor dessa experiência”.
Por isso, quem ainda não está acostumada com as “brincadeiras” do filho dentro da barriga e chegou ao quinto mês sem sentir nenhuma agitação ali dentro pode colocar algumas dicas em prática para ajudar nesse processo. “Tente fazer uma refeição, sair caminhar e ouvir alguma música bem suave, pois isso estimula a resposta do feto”, orienta o especialista.
Além disso, com o passar do tempo, essa gestante verá outras situações que aumentam os movimentos do bebê e ficará mais fácil acompanhar as reações dele. “Lembrando que as percepções se tornarão frequentes com, no mínimo, 10 ao dia”, adianta Mallmann, ao pedir atenção no caso de o bebê permanecer 12 horas ou mais sem nenhuma movimentação. “Isso é um grande alerta e pode indicar que ele está em sofrimento”.
Nesses casos, portanto, é necessário que a mãe mantenha a calma e aumente os estímulos com músicas, carinho e outras ações que costumam manter o filho ativo, assim como a paranaense Joycelaine fez. “Eu estava com 28 semanas, mais ou menos, e passei o dia inteiro sem sentir nenhum chutinho. Aí comecei a fazer de tudo para ver se ela respondia”, recorda a comerciante.
Para alívio de todos, bastou mais algumas horas para que a pequena Anastácia fizesse um movimento bem forte na barriga e acalmasse os pais antes que eles procurassem atendimento médico. No entanto, o obstetra afirma que, nas situações em que o bebê não responder ou em que a mulher apresentar outros sinais, como dor ou sangramento, é imprescindível buscar ajuda especializada.
Isso deve ocorrer, segundo ele, porque a falta de resposta da criança pode ser resultado da dificuldade de passagem do sangue da mãe para o feto em decorrência de patologias relacionadas à diabetes gestacional, anemia ou aumento na pressão arterial. Por isso, “se a gestante sentir que o bebê mexeu menos no período de 12 a 24 horas, deve procurar um médico o quanto antes para conferir os batimentos cardíacos do bebê”, aconselha.