Aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas no planeta sofrem com deficiência visual, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e pelo menos 1 bilhão delas poderia ter evitado ou tratado o problema. No Brasil, uma publicação de 2019 do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) informou que cerca de 75% dos casos de cegueira no país teriam sido prevenidos ou curados com tratamento no estágio inicial da doença.
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Para isso, uma campanha chamada Abril Marrom – em alusão à cor predominante entre os olhos dos brasileiros – tem o objetivo de falar a respeito do assunto e incentivar consultas preventivas, já que “você pode reverter a condição e tratar”, afirma o médico oftalmologista Fernando Malerbi, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, que é o coordenador do Departamento de Saúde Ocular da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), até doenças mais graves podem ser controladas em estágio inicial, evitando danos severos à visão.
E isso vale para crianças e adultos. De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP – publicada em fevereiro pela revista Scientific Reports, do grupo Nature – , diversos casos de perda de visão severa atendidos pelo Hospital das Clínicas da FMRP poderiam ser evitados com orientações e campanhas que estimulassem prevenção e diagnóstico precoce.
Entre pacientes de 0 e 14 anos analisados pelo estudo, por exemplo, 16% foram causados por toxoplasmose ocular e por problema na vascularização da retina, a retinopatia da prematuridade. “Situações em que é possível adotar medidas preventivas para diminuir o índice”, informa a médica e autora do estudo Manuela Molina Ferreira.
Para casos de retinopatia, segundo ela, seria preciso mais campanhas de educação direcionadas a gestantes, e também um pré-natal adequado. E “orientação sobre consumo de água e alimentos para reduzir os casos de toxoplasmose”, exemplificou ela, ao Jornal da USP.
Já entre adultos de meia-idade e idosos, a retinopatia diabética – causada pelo dano nos vasos sanguíneos da retina e pela glicemia alterada – é responsável por 18% das situações de cegueira nessa faixa etária. Ou seja, “muitos diabéticos não estão fazendo controle adequado da glicemia”, explica João Marcello Furtado, professor da FMRP e coordenador do estudo que avaliou prontuários médicos de 1.393 pacientes.
Segundo ele, as pessoas precisam de conhecimento a respeito das causas da baixa visão para prevenir danos graves aos olhos e ter mais qualidade de vida e produtividade no dia a dia. Afinal, a quantidade de brasileiros com deficiência visual supera 6 milhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, e devem realizar acompanhamento médico de rotina para prevenir e tratar doenças como essas:
Principais causas da cegueira
- Catarata – a pessoa começa a ver a imagem mais embaçada e enevoada. Seu tratamento é realizado com cirurgia, e o paciente consegue recuperar a visão.
- Glaucoma – é uma doença silenciosa, que só fica perceptível quando está em fase terminal. A perda de visão provocada é irreversível, então há grande preocupação em detectar o problema inicialmente para que possa ser controlado com uso de colírios para pressão ocular.
- Degeneração macular relacionada à idade – atinge a população mais idosa, após os 60 ou 70 anos, e tem duas formas: seca ou úmida. Na primeira, o paciente utiliza um composto de vitaminas para retardar a evolução, enquanto a úmida exige tratamento intraocular que, muitas vezes, consegue resultado positivo.
- Diabetes – é considerada a principal causa de perda visual evitável, então a pessoa que tem diabetes precisa de avaliação oftalmológica frequente com exame da retina para detectar pequenas alterações que representem dano e que devem ser tratadas.