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Uma das principais dúvidas dos pesquisadores sobre o comportamento do novo coronavírus é com relação a uma possível mudança na transmissão em lugares quentes. Na comparação com a gripe, por exemplo, a baixa resistência do vírus da influenza a ambientes quentes e úmidos ajuda a diminuir a taxa de transmissão. É, no entanto, ainda precipitado esperar que o mesmo aconteça com o causador da Covid-19, segundo as pesquisas mais recentes sobre o assunto.

Um aumento na temperatura e na umidade não devem diminuir, de maneira significativa, a disseminação do vírus, conforme orientou a Academia Nacional de Ciência, Engenharia e Medicina (NASEM), dos Estados Unidos. A entidade enviou um posicionamento para a Casa Branca, afirmando que o governo norte-americano não deve confiar no verão (que, no hemisfério Norte, acontece entre os meses de junho e setembro) para que haja uma diminuição dos casos da nova doença.

A NASEM baseou essa recomendação em alguns dos poucos estudos que já foram feitos da Covid-19. Todos, sem exceção, possuem cenários muito limitados e que conseguem apontar para poucas conclusões.

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Calor não é garantia

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Em um estudo realizado pela Universidade de Medicina Chinesa de Nanjing, na China, pesquisadores avaliaram como diversos elementos atmosféricos poderiam influenciar a disseminação da doença. Ao se observar o número de casos registrados (onde havia transmissão comunitária), foram levados em consideração a temperatura, a umidade relativa do ar, a velocidade do vento e a visibilidade, em territórios da China, da Itália e do Japão.

Mesmo que a pesquisa tenha feito uma projeção dos novos casos nos 12 dias seguintes com certa fidelidade, ela pouco conclui sobre a questão. "No momento, não há uma maneira sistemática e quantitativa de investigar o exato impacto que um conjunto de fatores meteorológicos possa ter na taxa de disseminação da Covid-19. Nosso estudo apenas sugere que mudanças em um único fator climático, como temperatura e umidade, não podem ser correlacionados muito bem com o número de casos registrados", afirma o estudo em sua conclusão (em tradução livre).

A pesquisa desconsiderou casos em que os contágios da Covid-19 fossem externos, apenas levando em consideração a transmissão comunitária (quando não se é mais possível identificar quem contaminou quem). Mesmo assim, os pesquisadores ressaltaram que o caso da China era mais complicado devido a grande translocação de pessoas registrada por conta do Festival da Primavera Chinesa (que teve início no final de janeiro de 2020).

Outro estudo, feito pela Universidade de Beihang, também na China, apresentou resultados semelhantes ao anterior. Neste, os pesquisadores viram poucas alterações nas taxas de transmissão em locais com altas temperaturas e umidade, constatando apenas 1% de diminuição nessas condições.

O artigo, no entanto, finaliza com uma ressalva: a pandemia não deve diminuir quando o verão chegar no hemisfério Norte. Isso porque países do hemisfério Sul, como Austrália e África do Sul, tiveram um grande número de transmissão do novo coronavírus mesmo durante o período de maior calor. Ao finalizar, os pesquisadores reforçam a recomendação do distanciamento social como medida importante para prevenir a transmissão da Covid-19.

Brasil: calor e com Covid-19

A mesma conclusão é seguida também por especialistas da área. "É um vírus novo em todos os sentidos, no sentido de sazonalidade, profilaxia vacinal e disseminação. Estamos tendo casos no Brasil, na África, que são climas quentes. Portanto, o comportamento sazonal do Sars-Cov-2 a gente não sabe informar", analisa Victor Horário de Costa Júnior, infectologista e professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

O professor ainda reafirma a orientação do distanciamento social e o isolamento familiar como uma das principais medidas para o combate da transmissão do novo coronavírus, além da higienização das mãos.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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