Pesquisas recentes têm comprovado a relação entre o excesso de tempo diante de telas eletrônicas, o pouco tempo em atividades ao ar livre e a miopia. Uma delas, feita na China, concluiu que pelo menos 40 minutos de brincadeiras em espaços abertos por dia trazem benefícios à visão das crianças. Já um estudo britânico, publicado poucos meses antes, mostrou que os índices de miopia entre adolescentes ingleses chegou a dobrar nos últimos 50 anos, o que teria relação direta com os novos hábitos de leitura assimilados nas últimas décadas.
No caso da pesquisa chinesa, conforme informa a agência de notícias BBC, o levantamento foi feito em 12 escolas pelo doutor Mingguang He, do Centro Oftalmológico de Zhongshan, e envolveu dois grupos de estudantes. A um deles foi dada a orientação de que os alunos fossem levados para brincar todos os dias, enquanto o outro manteve a rotina de estudos dentro de sala de aula.
Diferença
Passados três anos, foram feitos testes com os envolvidos para identificação de miopia. Ao todo, 259 das 853 crianças que brincaram ao ar livre com frequência, o que equivale a 30%, desenvolveram algum grau de miopia. Já o grupo que manteve atividades em sala de aula registrou o mesmo problema de visão em 40% das crianças (287 de 726). Segundo os cientistas, a diferença é relevante, mesmo quando se leva em conta outros fatores, como o histórico de miopia na família.
Na Inglaterra, uma pesquisa da Universidade de Ulster publicada em abril mostrou que 23% de todos os britânicos entre 12 e 13 anos de idade sofrem de miopia, enquanto o número não passava dos 10% nos anos 60.
A imprensa britânica ressaltou que o tema ainda é controverso entre oftalmologistas, mas esses e outros resultados têm tornado mais crível a hipótese de que haja uma relação de causa e efeito entre o excesso de tempo dedicado à leitura diante de telas brilhantes e o desenvolvimento do problema.
Tanto a pesquisa europeia quanto a asiática sugerem que uma das formas mais eficazes de se prevenir a miopia é deixar as crianças brincarem fora de ambientes fechados, com mais frequência.