Incentivar recém-nascidos e bebês de até 3 meses de idade para que manuseiem objetos e observem adultos desenvolvendo as tarefas do dia a dia ajuda no desenvolvimento social, motor e cognitivo da criança. O achado é de pesquisadores da Universidade de São Paulo, e os resultados foram publicados na edição de maio da revista científica Infant Behavior & Development. As informações foram compartilhadas pela Agência Fapesp.
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A proposta do estudo é que os bebês, desde o nascimento, assistam cotidianamente os adultos nas atividades diárias. É indicado, inclusive, que as crianças tenham contato com os objetos que os adultos manuseiam para que desenvolvam as habilidades de segurá-los e estendam os braços para alcançá-los.
Estas interações sociais vão permitir que o bebê aprenda, logo cedo, a usar o próprio corpo de uma maneira funcional. Além disso, ele passa a perceber as relações entre os seus movimentos e as consequências no ambiente.
"As pesquisas têm demonstrado, desde os anos 1970, que os bebês conseguem copiar expressões faciais logo que nascem. Sugerimos que eles imitam tudo, tanto as expressões como as ações motoras de manipular objetos. Ao ver o adulto usando as mãos, eles copiam e aprendem a usá-las", explica Priscilla Ferronato, pesquisadora do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Paulista e primeira autora do trabalho, em entrevista para a Agência Fapesp.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores fizeram uma revisão de estudos e perspectivas teóricas, e apresentaram a nova abordagem como alternativa para compreender a imitação e as atividades manuais. As sugestões estão baseadas na reprodução de cenários simples e de fácil adaptação, que replicam situações experimentais de estudos clássicos do desenvolvimento infantil.
Incentivo dos bebês desde cedo
Embora nos primeiros três meses os bebês, em geral, não sejam capazes de fazer sozinhos os movimentos para alcançar objetos, a proposta da pesquisa é justamente que os cuidadores incentivem esse movimento antes.
"Os cuidadores normalmente estimulam o uso das mãos a partir do momento em que os bebês aprendem o movimento de alcançar objetos. Nossa proposta é o contrário: incentivar no período em que eles ainda não conseguem", diz Ferronato.
O que fazer?
Uma das atividades propostas pelos pesquisadores é colocar nas mãos da criança um objeto com uma textura lisa. Na sequência, acrescentar uma rugosidade àquela superfície, para que o bebê sinta a diferença na forma de agarrar.
Outra proposta é oferecer o dedo para o bebê segurar e, quando ele conseguir, sorrir. Assim, ele fará a associação do toque com o estímulo visual.
Ainda, em um ambiente com baixa luminosidade, colocar um feixe de luz, como uma lanterna normal ou a lanterna do celular, que atravesse horizontalmente o bebê na altura do peito. A ideia é que ele tente controlar os braços ao buscar pelo feixe de luz.
"O nosso objetivo final é levar essas informações não só a professores de creche para aplicação prática, mas também aos pais, já que, geralmente, os bebês estão em casa nesse período. A maioria dos pais não tem ideia de que os bebês são capazes de aprender logo nos primeiros meses de vida", explica Ferronato.