Depois de parar de fumar, a luta então passa pela manutenção dessa decisão que pode ser uma das mais importantes da sua vida. Alimentos gordurosos e doces (comidas e bebidas açucaradas) levam ao ganho de peso, um dos fatores que dificultam a abstinência, e devem ser evitados, mas também é importante manter longe itens que induzam ao cigarro.
Siga o Sempre Família no Instagram!
“As bebidas alcoólicas devem ser evitadas, principalmente nas primeiras semanas sem fumar, devido a ação depressora do álcool e ao rebaixamento da censura que podem levar o indivíduo que está na fase inicial da abstinência voltar a fumar”, diz Vera Borges, da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).
Se o alimento ou bebida remete ao hábito de fumar, como tomar um cafezinho ou uma bebida alcoólica, ou mesmo se a carne vermelha em excesso o fizer recordar do ex-vício, o ideal é evitar, diz a nutricionista clínica funcional Anna Roberta Muffone.
Gelo salvador
No período inicial da abstinência o ex-fumante experimenta vários momentos de fissura ao dia. Em algumas semanas essa sensação enfraquece e há maior controle dos sintomas da abstinência. Até lá, é importante achar algo para distrair, reduzir ou lidar com a vontade. “Uma dessas recomendações é beber água, chupar gelo, comer frutas, fazer alguma atividade física. O fumante costuma ter uma baixa ingestão hídrica, e assim, beber mais água ajuda na recuperação da saúde. E chupar gelo ajuda na redução da fissura”, diz Vera Borges.
Menos ansiedade
Alguns alimentos e ervas aumentam a sensação de tranquilidade e felicidade e são indicados durante a abstinência. “São eles os que estimulam a serotonina intestinal (castanhas, cacau, iogurte, aveia, banana, abacate, soja, brócolis e couve-flor, que devem ser consumidos entre 9h30 e 16h30, para maior potencialidade circadiana de redução da ansiedade), itens precursores de Gaba, responsável pela tranquilidade (chá de camomila, passiflora, semente de abóbora/girassol, carnes magras) e alimentos que ajudam a baixar cortisol (peixes, linhaça, ovos, folhas verde-escuras, abóbora e brócolis). Os laticínios potencializam a serotonina e foram associados à alteração no paladar do cigarro e à redução da chance de voltar ao vício”, diz a nutricionista clínica funcional Anna Roberta Muffone.
Para recuperar
Como as toxinas do cigarro deterioram fontes antioxidantes do corpo e estimulam radicais livres e o processo inflamatório, após parar de fumar é importante, diz Anna Roberta, introduzir boas doses de Vitamina C, presente na maioria das frutas, antioxidantes como gengibre, frutas roxas e brócolis.
“Invista ainda em verduras e alimentos integrais, fontes de complexo B, como cacau e levedo de cerveja (importantes para o sistema nervoso), carnes ricas em ômega 3 – como peixes e condimentos como cúrcuma, páprica, cominho e ervas como tomilho, alecrim e manjericão”, fala ela, assinalando a importância da hidratação, que ajuda na boa saúde do fígado e intestino e um intervalo não muito longo entre as refeições – média de 2 a 4 horas.
Para ter à mão
Ter alimentos rápidos, que ocupem a mão, é importante, mas não os ultraprocessados como balas, chicletes, sorvetes, biscoitos e refeições prontas, por estarem associados a doenças crônicas, incluindo obesidade e câncer. “O melhor é falar em alimentos saudáveis e acessíveis no seu microambiente como frutas in natura, frutas secas, bem como as oleaginosas (como noz, castanhas, pistache, dentre outras)”, diz Maria Eduarda Melo, chefe da Área Técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer, do Inca.
Alguns alimentos como palitinhos de cenoura, por sua forma, podem ajudar a mimetizar o ato de segurar o cigarro e indiretamente contribuir para uma sensação de prazer mesmo sem o cigarro. “O importante é encontrar aquilo que traz paz na semelhança com o fumar, seja água gelada, chá calmante ou chupar gelo”, diz Anna Roberta.