Os 40 casos de endoftalmite registrados durante o mutirão de catarata realizado em Porto Velho.
Os 40 casos de endoftalmite registrados durante o mutirão de catarata realizado em Porto Velho.| Foto: Bigstock

Mutirões oftalmológicos, principalmente aqueles em que são realizadas cirurgias, devem cumprir todas as recomendações técnicas necessárias para proteger a saúde dos pacientes, afirma o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

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Esse alerta surgiu após um “fato grave” ocorrido em fevereiro, quando ao menos 40 casos de infecção ocular pós-cirúrgica foram reportadas entre pessoas submetidas a uma operação oftalmológica durante um mutirão que a Secretaria de Saúde de Rondônia promoveu em Porto Velho. As informações são da Agência Brasil.

O conselho chama a atenção para que gestores municipais e estaduais, bem como dos profissionais de saúde que participam dos mutirões, observem os parâmetros de segurança, incluindo as normas sanitárias em vigor, para evitar a ocorrência de fatos como esse.

Nem sempre seguros

Segundo as entidades médicas, os mutirões têm sido adotados em várias regiões do país, já há algum tempo, para minimizar o “crônico problema das filas de espera por uma cirurgia eletiva” na rede pública de saúde. Embora não se oponham à iniciativa enquanto medida de caráter emergencial, as organizações de classe alertam que nem sempre os mutirões seguem as recomendações de segurança, o que pode “gerar complicações, com efeitos deletérios importantes”.

Investigação

Os 40 casos de endoftalmite registrados durante o mutirão de catarata realizado em Porto Velho estão sendo investigados pelo Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero). Segundo a entidade, cerca de 360 pessoas foram operadas ao longo de três dias, por profissionais de uma empresa contratada pela secretaria estadual de Saúde.

De acordo com o conselho regional, 13 dos 40 pacientes que tiveram a infecção pós-cirúrgica testaram positivo para o contágio por uma bactéria, a pseudomonas, cuja ação é considerada grave e pode causar a perda da visão.

Na segunda-feira passada (14), a Secretaria de Saúde de Rondônia informou que acompanha o tratamento disponibilizado a todas as pessoas submetidas a cirurgias, especialmente daquelas que tiveram complicações. Segundo a pasta, mais de 15 mil operações de catarata e pterígio já foram realizadas em oito cidades do estado (Ariquemes, Cacoal, Jaru, Ji-Paraná, Porto Velho, Rolim de Moura e Vilhena, além de Porto Velho), no âmbito do chamado Projeto Enxergar.

“É um projeto grandioso, ousado, que realmente veio para resolver o problema da catarata em Rondônia, onde tem muita gente aguardando uma solução há tantos anos. De 15 mil cirurgias realizadas, que é um número grande, infelizmente houve esses 40 pacientes com processo infeccioso. Dentro de uma cirurgia as complicações podem acontecer”, destacou o secretário estadual, Fernando Máximo.

Uma sindicância para apurar as causas da infecção foi instaurada. Além disso, o Ministério Público de Rondônia instaurou um procedimento para investigar as responsabilidades pela “possível falha na prestação de serviço por uma empresa médica que atuou no mutirão de cirurgias oftalmológicas realizado pelo governo” de Rondônia.

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