Infarto agudo do miocárdio, inflamação pulmonar e aneurisma da aorta abdominal estão entre as patologias relacionadas às mudanças provocadas pela MMP-2 e MMP-9.| Foto: Bigstock
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Duas enzimas encontradas em níveis aumentados em mortos pela Covid-19 podem indicar risco de mortalidade pela doença e ajudar os médicos a redirecionarem tratamentos. Resultado de um estudo publicado na Biomedicine & Pharmacotherapy em que cientistas investigam mecanismos envolvidos na doença, os biomarcadores metaloproteinase (MMP) 2 e 9 têm o nível aumentado em quem morre pela Covid-19.

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As MMPs formam um grupo de 25 enzimas que atuam na degradação das proteínas da matriz celular, que promovem a união das células. Essa destruição leva à remodelação, algo que o corpo precisa para promover a cicatrização dos órgãos. As informações são do Jornal da USP.

“Infarto agudo do miocárdio, inflamação pulmonar e aneurisma da aorta abdominal estão entre as patologias relacionadas às mudanças provocadas pela MMP-2 e MMP-9”, diz Christiane Becari, líder do estudo e professora no Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia e Anatomia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

De acordo com a professora, as enzimas degradam a complexa rede de macromoléculas do pulmão, que desempenham um papel fundamental na sustentação estrutural do órgão. “Quando há uma alteração no equilíbrio dessas macromoléculas pulmonares e das MMPs, já temos na literatura científica evidências que essas enzimas contribuem para o desenvolvimento das doenças pulmonares, atuando na remodelagem do tecido pulmonar, bem como no estímulo para migração das células inflamatórias”, explica.

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A pesquisa

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Os pesquisadores contaram com dois grupos, sendo que um era composto de 53 pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP) e o outro, de 29 pessoas saudáveis. “Nosso estudo é o primeiro a demonstrar o papel da MMP-2 na Covid-19 e pode contribuir para o entendimento da fisiopatologia da doença, ou seja, entender os mecanismos de atuação do coronavírus no organismo”, explica.

Outro resultado da publicação é que a MMP-2 foi reduzida e a MMP-9 foi aumentada no grupo de pacientes internados por Covid-19. “Na literatura, esse achado foi reportado em pacientes com sepse por outros motivos e a falta de MMP-2 em modelo animal de lesão pulmonar se relacionou com dificuldade de resolver a inflamação. Como a MMP-2 é uma enzima predominantemente anti-inflamatória, sua supressão na Covid-19 grave provavelmente está relacionada e contribui com o estado inflamatório sistêmico desses pacientes”, afirma.

O estudo tem como primeira autora a aluna Carolina D’Avila Mesquita, da FMRP. Além disso, conta com pesquisadores da FMRP e da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), ambas da USP, Fiocruz-Minas e Mayo Clinic, dos Estados Unidos da América (EUA).