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De uma hora para a outra, o álcool em gel virou item indispensável nas casas para o combate ao novo coronavírus. A presença constante do produto, porém, levou a um efeito colateral não calculado pelos pais: o risco de intoxicação das crianças.

O site de controle de venenos e intoxicações dos Estados Unidos, por exemplo, identificou um aumento de 22% nas perguntas sobre os riscos da substância entre crianças, em duas semanas, em relação ao mesmo período do ano passado.

E faz sentido, visto que o produto tem tudo para chamar atenção de bebês, especialmente daqueles na fase de exploração. Além da facilidade de acesso, as bolinhas do álcool e as versões coloridas ou com cheiros agradáveis são mais que atrativas. "A nossa sorte é o que o sabor é bem ruim. A criança, quando ingere uma quantidade, ela pode até parar", explica Eduardo Gubert, médico intensivista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba.

Ainda assim, em um bebê, quantidades mesmo pequenas podem ser suficientes para uma intoxicação. "O álcool a 70%, se compararmos a outras substâncias alcoólicas, é uma graduação bastante alta", completa o médico.

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Sinais de alerta

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Os pais que desconfiam que a criança esteve mexendo com o álcool em gel, devem ficar atentos a alguns sinais no comportamento do filho, como:

  • Tontura (em uma criança que já anda);
  • Fala arrastada (em uma criança que já fala);
  • Sonolência (em bebês);
  • Respiração mais lenta.
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"São sintomas de intoxicação por álcool mesmo. Se os pais desconfiarem, virem que uma embalagem está aberta ou fora de onde deixaram, devem ficar atentos. Em uma criança mais velha, serão sintomas de intoxicação por álcool, como nos adultos", reforça o médico.

Entre os bebês, Gubert indica que o pior dos cenários é se ele estiver com a respiração mais lenta e uma sonolência pesada. "Com as crianças menores, [a melhor indicação] seria levar ao hospital. A criança por volta de um ano, que ingeriu uma quantidade de álcool em gel suficiente para causar esses sintomas, deve ser levada para o hospital para uma hidratação mais eficiente", explica o médico.

No caso de uma criança maior, que aceite tomar líquidos (principalmente água) e que consiga manter uma conversa, o melhor é ficar em casa em épocas de pandemia. "Ou ligar para algum serviço de referência. Para os casos de intoxicação, tem os centros de intoxicação toxicológica. Eles cruzam com outros casos de intoxicação, perguntam dos sintomas, e dão orientações", explica o médico. "Não precisa forçar o vômito ou colocar outra substância para neutralizar. Só dar bastante líquidos ou, no caso de dúvida, ir ao hospital", reforça Gubert.

O Disque-Intoxicação, criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), atende pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat). No portal da Anvisa é possível encontrar, também, os números de telefone de cada estado.

Álcool em gel nas mãos das crianças

Em bebês, talvez seja melhor que os pais adotem outras medidas de proteção e não passem álcool em gel nas mãos dos filhos pequenos - visto que, nessa idade, evitar que a criança coloque a mão na boca é quase impossível. Mas, em crianças maiores, não há risco e o hábito de lavar as mãos e passar o álcool em gel pode ser mantido. "Uma criança que está aprendendo, dos dois anos para frente, já tem uma noção de passar álcool em gel nas mãos. É interessante criar esse hábito", reforça Gubert.

Com relação às precauções de intoxicação, o médico sugere que os pais mantenham as garrafinhas longe do acesso das crianças. "É um alerta que veio pela pandemia, e não é uma ocorrência tão frequente. Já tratei algumas intoxicações de crianças por álcool em gel, mas foram leves, nada grave. Ainda assim é uma reflexão para os pais cuidarem", completa.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]