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À medida em que o coronavírus continua a se espalhar pelo mundo, aumentando o número de casos confirmados da doença, a ansiedade relacionada ao surto do Covid-19 também cresce. Como psicóloga, já vejo isso no meu dia a dia. Embora a sensação de ansiedade seja uma reação humana normal a uma ameaça, níveis altos e constantes de ansiedade podem minar respostas construtivas a uma crise.

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Pessoas que já sofrem de ansiedade e problemas parecidos são especialmente propensas a passar momentos difíceis durante a crise do coronavírus. As sugestões a seguir são baseadas em estudos científicos e podem ajudar você a lidar com a ansiedade em relação ao vírus.

  1. Pratique a intolerância à incerteza

    A intolerância à incerteza torna as pessoas vulneráveis à ansiedade. Um estudo durante a pandemia de H1N1 de 2009 mostrou que as pessoas que tiveram mais dificuldade em aceitar a incerteza da situação tinham maior probabilidade de experimentar altos níveis de ansiedade.

    A solução é aprender a enfrentar gradualmente a incerteza na vida cotidiana, atenuando os comportamentos em que expressamos a busca de certezas. Comece pequeno: na próxima vez em que precisar de uma resposta para uma pergunta, não envie uma mensagem para seu amigo imediatamente – ou saia para uma caminhada sem checar com antecedência como está o clima.

    Assim, à medida em que você fortalecer seu músculo de tolerância à incerteza, vai poder trabalhar para reduzir o número de vezes por dia em que consulta a internet para obter atualizações sobre o surto de coronavírus.
  2. Enfrente o paradoxo da ansiedade

    A ansiedade aumenta tanto quanto uma pessoa tenta se livrar dela. Ou, como Carl Jung dizia, “aquilo a que você resiste persiste”. A luta contra a ansiedade pode assumir várias formas. As pessoas podem tentar se distrair bebendo, comendo ou assistindo à Netflix mais do que o normal. Elas podem recorrer a amigos, familiares ou especialistas em saúde para se sentir seguras. Ou podem obsessivamente verificar as notícias, esperando acalmar seus medos.

    Embora esses comportamentos possam ajudar momentaneamente, a longo prazo eles podem piorar a ansiedade. Desviar-se da ansiedade quase sempre é um tiro no pé. Em vez disso, permita que seus pensamentos, emoções e sensações físicas ligados à ansiedade lhe sobrevenham, aceitando a ansiedade como parte integrante da experiência humana.

    Quando surgirem ondas de ansiedade por causa do coronavírus, observe e descreva a experiência para si mesmo ou para outras pessoas sem julgá-la. Resista ao desejo de escapar de seus medos ou de acalmá-los indo obsessivamente atrás de notícias sobre o vírus. Paradoxalmente, acolher a ansiedade no momento em que ela aparece leva a menos ansiedade ao longo do tempo.
  3. Transcenda a ansiedade existencial

    As ameaças à saúde despertam o medo que está por trás de todos os medos: o medo da morte. Quando somos confrontados com lembretes da nossa própria mortalidade, a ansiedade em relação à nossa saúde pode nos consumir e nos deixar obcecados por qualquer mínimo sinal de enfermidade.

    Tente se conectar ao seu propósito de vida e às suas fontes de sentido – a espiritualidade, os seus relacionamentos ou uma causa a que se dedicar. Embarque em algo que você considera importante, mas adia há anos, e assuma a responsabilidade pelo modo como vive sua vida. Refletir sobre o porquê da vida pode ajudar bastante a lidar com a ansiedade inevitável.
  4. Não subestime a resiliência humana

    Muitas pessoas têm medo só de pensar em como irão lidar se o vírus aparecer em sua cidade, no trabalho ou na escola. Elas se preocupam com a forma como lidariam com uma quarentena, com as escolas fechadas ou com o desemprego. As mentes humanas são ótimas em prever o pior.

    Porém, pesquisas mostram que as pessoas tendem a superestimar o quanto serão afetadas por eventos negativos e a subestimar a capacidade de lidar com situações difíceis e se adaptar a elas. Lembre-se de que você é mais resiliente do que pensa. Isso pode ajudar a atenuar sua ansiedade.
  5. Não superestime a ameaça

    O coronavírus pode ser perigoso, com uma taxa de mortalidade estimada em 1,4% a 2,3%. Portanto, todos devem levar a sério todas as precauções razoáveis contra a infecção. Mas as pessoas também devem perceber que os humanos tendem a exagerar o perigo de ameaças desconhecidas em comparação com as que já conhecem, como uma gripe sazonal ou acidentes de carro. A cobertura incendiária constante da mídia contribui para a sensação de perigo, o que leva ao aumento do medo.

    Para reduzir a ansiedade, recomendo limitar sua exposição a notícias sobre coronavírus a não mais de 30 minutos por dia. E lembre-se de que ficamos mais ansiosos quando confrontados com situações que não têm precedentes claros. A ansiedade, por sua vez, faz tudo parecer mais terrível.
  6. Fortaleça o cuidado consigo mesmo

    Durante essas fases que costumam provocar ansiedade, é importante lembrar as estratégias de prevenção e redução de ansiedade testadas e comprovadas. Durma adequadamente, exercite-se regularmente, pratique meditação, aprecie a natureza e empregue técnicas de relaxamento quando estiver estressado.

    Priorizar esses comportamentos durante a crise do coronavírus pode ajudar bastante a aumentar seu bem-estar psicológico e a reforçar o seu sistema imunológico.
  7. Busque ajuda profissional se precisar

    Pessoas vulneráveis à ansiedade e a distúrbios relacionados podem achar a epidemia de coronavírus particularmente perturbadora. Consequentemente, podem experimentar sintomas de ansiedade que interferem no trabalho, nos relacionamentos íntimos, na vida social e no cuidado de si mesmas e dos outros.

    Se isso se aplica a você, procure ajuda profissional. Embora você possa se sentir desamparado durante esse período estressante, seguir essas estratégias pode ajudar a impedir que a ansiedade se torne um problema por si só e a permitir que você atravesse a pandemia de maneira mais efetiva.
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*Professora de Psicologia na Georgetown University, nos Estados Unidos.

©2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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