Eles giram no trocador, puxam a toalha da mesa, engatinham por toda a casa e fazem questão de explorar tomadas, escadarias e qualquer gaveta ao seu alcance. "Por isso, durante a gestação, eu e meu esposo começamos a observar onde, em nossa casa, poderiam acontecer acidentes domésticos e a buscar medidas de prevenção”, relata a consultora de beleza Beneane Carvalho Branco, citando alguns itens de segurança instalados em sua residência.
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“Providenciamos protetores de tomada com chave para que a Lisie não tirasse, colocamos protetores nas quinas dos móveis, redes em todas as janelas e travas nos armários”, conta a maranhense, que hoje mora no Paraná. “Inclusive, nos mudamos antes que nossa filha começasse a andar e fizemos questão de escolher um imóvel sem escadas por causa dela”, recorda.
No início, ela até imaginou que fosse cuidado demais. No entanto, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que a prevenção é necessária para reduzir a quantidade de acidentes domésticos graves que ocorrem no país. “Todos os anos, 111 mil crianças são hospitalizadas devido a essas causas, mais da metade por quedas e queimaduras”, afirma o pediatra Marco Antonio Chaves Gama, presidente do Departamento Científico de Segurança da SBP.
Muitos desses acidentes deixam sequelas e trazem grande sofrimento à criança e sua família. “Esses dias, por exemplo, atendi um bebê na fase de engatinhar que colocou as mãozinhas na porta do forno quente para se apoiar e se enxergar ali”, cita o médico. “A criança sofreu queimaduras graves e precisou de várias cirurgias”.
Para evitar situações assim, o especialista orienta os pais a mapearem todos os locais de risco de em sua residência, protegerem esses espaços e posicionarem objetos perigosos em local seguro. “A prevenção de acidentes é um ato de rotina, de repetição e que não admite concessões”, pontua o médico, citando alguns cuidados que podem prevenir os acidentes com bebês até dois anos de idade.
- Cuidado com a cozinha!
Esse é um dos ambientes com maior risco de queimaduras e cortes, então seu acesso deve ser impedido com portão. Além disso, facas e outros itens cortantes devem ser colocados em locais altos, e os cozimentos realizados preferencialmente nas bocas de trás do fogão. “Principalmente para líquidos quentes, frituras e panelas abertas, que também não devem ser deixadas com os cabos para fora do fogão”, orienta Marco. - A lavanderia deve ser proibida!
Com diversos produtos de limpeza e uso constante de água em baldes ou bacias, a lavanderia também deve ser inacessível para o bebê a fim de evitar intoxicação e afogamentos. “Isso porque uma pequena quantidade de água, de 2,5 centímetros de altura já pode afogar uma criança com menos de 12 meses”, alerta o pediatra. - Previna acidentes no berço!
Outro cuidado é no berço, pois esse é um dos primeiros locais que o bebê tenta pular e uma das causas de traumatismo craniano e encefálico graves. Por isso, garanta que as grades tenham pelo menos a altura do nenê em pé até as axilas e que os espaços dessa grade não sejam maiores que 7 centímetros, pois isso evitará que a cabeça ou outra parte do corpo da criança fique presa. - Atenção com escadas e janelas
Se a residência tem escadaria, ela também deve ser protegida com portão ou grade nas duas extremidades. Já as laterais da escada – assim como janelas, sacadas e outros vãos desprotegidos – precisam ser fechados com telas. “Lembrando que não se deve deixar cadeiras ou outros móveis perto desses lugares de risco”, afirma o médico, ao explicar que o bebê pode se apoiar nesses itens, subir e acabar caindo. - Proteja tomadas e fios elétricos
Todas as tomadas da casa devem ser fechadas com protetores. Além disso, fios elétricos e extensões precisam ser retirados do alcance da criança. “E, claro, nunca mantenha fios elétricos desencapados em uso”, orienta o pediatra. - Atenção se tiver piscina!
Vale ressaltar ainda que crianças pequenas não podem ficar sozinhas perto de piscinas ou qualquer ambiente aquático. Além disso, quando estiver brincando na água, deve usar colete salva-vidas e ter sempre um adulto à distância máxima de um braço para alcançá-la rapidamente se for necessário. “Supervisionar uma criança na água exige muita atenção, então não dá para, ao mesmo tempo, conversar, responder mensagens no celular ou se distrair”, pontua o médico. “Depois que um acidente acontece não há volta, e ele pode causar sequelas e até morte”. - Se precisar, acione um serviço de emergência
Mesmo com todos os cuidados, um acidente pode acontecer. Então, se for algo grave, chame o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo telefone 192 ou o Corpo de Bombeiros pelo 193. “E, para situações leves, é sempre importante a avalição e orientação de um médico, se possível, o pediatra”.
