parte das contaminações de crianças por chumbo, que atinge 1 em 3 indivíduos desta faixa etária no mundo, se dá no sul da Ásia e estão relacionadas à reciclagem ilegal de baterias de automóveis. Por ser uma potente neurotoxina, o chumbo causa danos irreparáveis ao cérebro, principalmente entre crianças até os 5 anos de idade, como apontou um relatório da Unicef de 2020.
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Por afetar o desenvolvimento cognitivo, muitos pais temem a exposição de seus filhos a este metal, visto que em nenhuma quantidade é seguro manter contato com ele. Mas testes para detectar metais em crianças só devem ser feitos em casos raros e com orientação médica pediátrica.
Além de oficinas ilegais para o desmonte dessas baterias, outras fontes de exposição ao chumbo são canos de água antigos; atividades de mineração; tintas e pigmentos com o elemento; gasolina com chumbo (banido em 2021, mas que teve seu ápice na década de 1970, quando quase toda a gasolina produzida no mundo continha chumbo); soldas de chumbo em latas de alimentos e, ainda, especiarias, cosméticos, brinquedos e até em medicamentos ayurvédicos.
Como atinge o organismo
Recentemente, a USP lançou um projeto de um site educacional para informar crianças e seus pais sobre os perigos do chumbo, sob responsabilidade da professora da Faculdade de Saúde Pública Kelly Olympio.
Segundo ela, a forma como a toxicidade pelo chumbo se manifesta no organismo depende da idade, dose, frequência da exposição, aporte nutricional, genótipo e outras características do ambiente. “Quase todos os sistemas do corpo podem ser lesionados pela exposição a chumbo, e é demonstrado que ele afeta a capacidade de prestar atenção, o desempenho na escola, e causa comportamento agressivo e antissocial”, diz ela.
Para quem, mesmo sem contato com aquelas grandes fontes de chumbo citadas acima, quer se cercar de mais segurança em relação a seus filhos, Kelly aponta que muitos objetos cotidianos podem ter o elemento na composição: utensílios de cozinha, tintas, brinquedos em praças e parquinhos, maquiagens, joias e bijuterias. As informações são do Jornal da USP.
4 dicas para prevenir
A adoção de medidas preventivas ao contato é a estratégia mais eficaz de combate: “O ideal é remover todas as fontes de chumbo no ambiente”, diz Kelly, que traz uma lista de recomendações para auxiliar pais e responsáveis com a tarefa:
- Fique atento a objetos do cotidiano, como brinquedos, utensílios de cozinha, joias e cosméticos. Dê preferência para aqueles com certificação de qualidade e afaste crianças de brinquedos descascando ou de procedência desconhecida. Lave sempre suas mãos, especialmente quando brincarem fora de casa, em praças ou parquinhos, e lembre de lavar também as mamadeiras, chupetas e brinquedos antes que elas os levem à boca.
- Priorize refeições de qualidade, ricas em ferro e cálcio: esses nutrientes protegem as crianças do chumbo.
- Limpe regularmente pisos, janelas, portas e outras superfícies utilizando métodos úmidos, como esponjas ou panos molhados, para evitar a dispersão de poeira. Faça, também, a manutenção da pintura e encanamento do local onde mora: casas muito antigas podem ter canos metálicos que passam chumbo para a água. Se esse for o caso da sua residência, não beba nem cozinhe com a primeira água que sai da torneira pela manhã. Use-a apenas para atividades de limpeza. Se decidir reformar o local, evite ficar no mesmo ambiente da obra, principalmente no caso de gestantes e crianças.
- Se o adulto da casa trabalha em produções ou serviços que envolvam tinta, pigmentos, baterias e soldas, não lave a roupa usada no trabalho junto com a roupa da família. Também não entre em casa com os sapatos usados no trabalho. Você pode carregar contaminantes no cabelo, sapatos e roupas. Caso o trabalho seja informal, nunca faça soldagens ou banhos químicos em ambientes fechados, junto com a família. As crianças não devem ter contato com pós de solda, fios de estanho e baterias. Além disso, você deve manter o ambiente muito bem ventilado e vestir equipamentos de proteção, porque a sua saúde também é importante!