Os adventistas do Sétimo Dia respondem por 3% dos evangélicos no Brasil hoje, de acordo com a pesquisa “Perfil e opinião dos evangélicos no Brasil”, divulgada pelo Datafolha em dezembro de 2016. No mundo inteiro, são 20 milhões de pessoas – a título de comparação, os anglicanos são cerca de 80 milhões, bem como os luteranos. Mas mesmo relativamente diminutos, os adventistas respondem por uma das maiores redes educacionais do mundo, atendendo 2 milhão de alunos em 7,8 mil escolas localizadas em 165 países.
É a preocupação com o ser humano de forma integral que faz com que os adventistas estejam presentes em diversas áreas da sociedade, como a educação. Além da área de educação, a igreja atua na área da saúde, dirigindo cerca de 700 hospitais e clínicas, e na indústria de alimentos, com 18 empresas que fabricam produtos com características que contribuem para o bem-estar físico.
“A educação é percebida por nós como um fenômeno social que é diretamente relacionado ao desenvolvimento das pessoas e da sociedade”, diz Fabiana Retamero, coordenadora pedagógica da Rede Adventista de Educação. Por esse motivo há sempre o cuidado de formar o homem em suas múltiplas dimensões: intelectual, social, afetiva, física, estética e espiritual. “A proposta é integrar e não fracionar o homem”, completa Fabiana.
Para os adventistas do Sétimo Dia, a educação é um dos meios pelos quais Deus pode restaurar o homem, que se afastou dele por causa do pecado. “O homem se assemelhava a Deus ao ser solidário, ao amar ao próximo, ao ser cortês e ter compaixão. Ele perdeu isso com a entrada do pecado, mas por meio da educação pode voltar a se assemelhar ao Criador”, finaliza Fabiana. Esse pensamento dirige as unidades escolares e também as faculdades e Centro Universitário que integram a Rede Adventista de Educação.
História
Foi com a abertura do Battle Creek School, em Michigan, no ano de 1875 – apenas 12 anos após a fundação da denominação –, que a Educação Adventista se iniciou. “Ela nasceu para adventistas, em uma sala de estar, nos Estados Unidos, quando uma família decidiu se reunir e educar seus filhos e amigos, em casa”, conta Eunúbia Muriélli, diretora da Escola Adventista Vista Alegre, em Curitiba. De acordo com Eunúbia, foram esses alunos que depois se tornaram missionários e levaram a Educação Adventista para o mundo, inclusive para o Brasil, via porto de Itajaí, em Santa Catarina.
E foi no Sul do país que todo o trabalho na área de educação começou. Em 1896, nasceu em Curitiba o primeiro colégio particular do país fundado por uma família adventista. Um ano depois, foi a vez de Gaspar Alto, em Santa Catarina, receber uma escola paroquial. As escolas paroquiais tinham como característica a proximidade com uma igreja adventista. Hoje poucas são as que mantêm essa característica, muito devido ao fato de que as diretrizes educacionais foram se transformando ao longo das décadas, principalmente na de 1990, e isso fez com que as escolas adventistas precisassem se adequar também, como todas as outras.
Hoje, são 850 instituições de ensino em toda a América Latina, tendo 230 mil alunos distribuídos no Ensino Fundamental, Médio e Superior. Todas mantêm um mesmo padrão de vestimenta, alimentação e material didático. O motivo para que haja essa padronização é para que tanto aqueles alunos que tenham melhor condição financeira quanto os que têm uma vida mais modesta tenham atenção igualitária e recebam educação de qualidade da mesma forma.
Por contar com 61 editoras e gráficas, todo o material didático utilizado na Educação Adventista é produzido por eles mesmos. Assim garante-se que os conteúdos estejam sempre de acordo com seus princípios. Seus livros e apostilas, inclusive, são utilizados por outras redes de ensino, incluindo algumas públicas. “São Paulo é um município que usa hoje o material didático produzido por nós”, conta Eunúbia. Agora, algumas unidades passarão por uma reformulação pedagógica, tornando-se bilíngues.
O sétimo dia
Assim como toda denominação evangélica, os adventistas têm a Bíblia como a luz maior em sua doutrina. Mas há alguns pontos que se constituem seus traços característicos. Um exemplo é o fato de que eles também creem no dom de profecias, em que pessoas são separadas por Deus para que possam orientar a população. Assim, eles acreditam que Ellen G. White seja uma importante guia para os fiéis. “Acreditamos que a Ellen é uma profetisa levantada de 1800 para cá, para dar orientações sobre alguns pontos, entre eles a educação e saúde, por exemplo, mas sempre tomando a voz da Bíblia”, explica Fabiana.
Outra característica que também os diferencia das demais denominações evangélicas é o fato de que eles guardam o sábado. Isso quer dizer que eles dedicam todas as suas tarefas naquele dia às coisas relacionadas a Deus, seguindo o que diz o mandamento bíblico: “Lembra-te do dia de sábado para o santificar”. Desta forma, e por entenderem que a duração de um dia vai de um pôr-do-sol a outro, no fim da tarde de sexta-feira eles param suas atividades tradicionais.
A intenção é que dali em diante, até o fim do sábado, eles esqueçam seus interesses pessoais e se disponham a estar mais com a família, em igreja ou auxiliando outras pessoas que precisem deles. “No sábado eu me ocupo das coisas de Deus e tiro a preocupação de mim e coloco Deus e a família no centro de tudo”, comenta Fabiana.
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