William Friedkin, o diretor do clássico O Exorcista, de 1973, está preparando um documentário no qual pretende comparar seu filme de ficção com as práticas de exorcismo na vida real, informa o site de entretenimento Deadline. The Devil and Father Amorth relatará as sessões de exorcismo realizadas pelo padre italiano Gabriele Amorth, um dos exorcistas mais famosos do mundo, morto em setembro de 2016.
“Nunca deixei de estar fascinado pela natureza do bem e do mal, e pela possibilidade da possessão demoníaca”, disse ao site o diretor de 81 anos. “A oportunidade de testemunhar e filmar um exorcismo real veio mais de quatro décadas depois que fiz O Exorcista”.
“Fiz o filme acreditando na realidade do exorcismo e nunca pensei nele como um filme de terror”, disse Friedkin, que se considera agnóstico, sobre o filme de 1973 em uma reportagem na Vanity Fair. A produção teve como consultor técnico o padre jesuíta John Nicola, do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington, considerado especialista no assunto.
Papa Francisco: não hesitem em recorrer aos exorcistas quando necessário
Desde que ouviu falar de Amorth, Friedkin desejava encontrá-lo. Em abril de 2016, ele esteve na cidade italiana de Lucca para receber um prêmio e resolveu enviar um e-mail para um amigo de Roma perguntando se o padre aceitaria se encontrar com ele. Pouco depois veio a resposta: “O padre Amorth pode vê-lo às 9h no dia 5 de abril em sua residência na Sociedade de São Paulo”.
O registro de um exorcismo
Segundo o diretor, o padre lhe disse que concordou em vê-lo porque admirava o seu filme. Em um livro de 1990, Amorth escreveu que “foi graças aos filmes que houve um renovado interesse pelo exorcismo”. Friedkin não só pôde conversar com Amorth, como acompanhou e filmou um exorcismo que o padre realizou em maio em uma mulher italiana, Rosa, que estava sofrendo mudanças comportamentais inexplicáveis para a psiquiatria.
Em dezembro, na Vanity Fair, o diretor divulgou algumas fotos e o trecho de um áudio do exorcismo que presenciou – a nona sessão que Amorth realizou com Rosa. Na gravação (ouça abaixo) pode-se ouvir a mulher gritando, com uma voz forte: “Ela é minha! Ela é minha!”, ao que o padre responde: “Ela é de Cristo! É de Cristo!” Enquanto Amorth reza, Rosa ainda grita: “Somos exércitos! Somos exércitos!”
O que dizem os cientistas
“De cada cem pessoas que me procuram, apenas uma ou duas, no máximo, estão realmente possessas”, contou Amorth ao diretor. Friedkin ainda mostrou o vídeo do exorcismo para neurocirurgiões e psiquiatras de renome. “Absolutamente espetacular. Há uma grande força trabalhando dentro dela de algum modo. Não saberia dizer a sua origem”, disse o neurocirurgião Neil Martin, um dos mais reconhecidos do mundo. “Isso está além de qualquer coisa que eu já presenciei”, confirmou Martin.
Já o seu colega Itzhak Fried disse que o problema de Rosa pode ter origem no sistema límbico e em uma área do lobo temporal responsável pelo que se costuma chamar de hiper-religiosidade. Mas admite: “Eu poderia caracterizar isso? Talvez. Eu poderia tratar? Não”.
Por sua vez, um grupo de psiquiatras da Universidade de Columbia discutiu por uma hora e meia depois de assistir à gravação – todos concordaram que não se tratava de uma fraude nem de algo facilmente explicável. Alguns deles disseram que tratar o caso como possessão e submeter a pessoa ao ritual de exorcismo – independentemente de concordar ou não com as origens sobrenaturais do fenômeno – pode ser realmente eficaz para a sua “cura”.
Com informações de Deadline e Vanity Fair.
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