A religião se consolidou novamente como parte importante da identidade individual e nacional nos países da Europa Oriental e Central, mais de 25 anos depois da queda da Cortina de Ferro e do colapso da União Soviética, que reprimiu as religiões e promoveu o ateísmo na região. É o que conclui o estudo “Crenças religiosas e pertença nacional na Europa Central e Oriental”, publicado em maio pelo Pew Research Center.
Os países inclusos na pesquisa são: Moldávia, Grécia, Armênia, Geórgia, Sérvia, Romênia, Ucrânia, Bulgária, Bielorrússia, Rússia, Polônia, Croácia, Lituânia, Hungria, Estônia, Bósnia-Herzegovina, Letônia e República Checa. Este último é o único em que a maioria da população, 72%, ainda se considera sem religião.
Já Polônia, Croácia, Lituânia e Hungria tem maioria católica: 87% dos poloneses se declaram católicos, por exemplo. Na Letônia, a população é bem dividida: 31% são ortodoxos, 23% católicos e 21% sem religião. A Bósnia-Herzegovina tem uma leve maioria muçulmana – 52% – com 35% de ortodoxos e 8% católicos. Na Estônia, os ortodoxos são 25% e os sem religião 45%.
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Os países restantes são de maioria ortodoxa. Os cristãos ortodoxos chegam a compor 92% da população da Moldávia e 90% da Grécia. Os muçulmanos têm uma porcentagem expressiva apenas na Bulgária, onde são 15%, na Rússia, com 10%, e na Geórgia, com 9%.
Segundo a pesquisa, “a religião e a identidade nacional estão estreitamente entrelaçadas” em muitos países da região. Na Grécia, por exemplo, 76% da população diz que ser cristão ortodoxo é importante para ser “verdadeiramente grego”. Porém, em toda a região se constata que poucos ortodoxos participam regularmente da vida de suas igrejas.
No que se refere à regularidade da participação no culto, os católicos estão à frente dos ortodoxos na região. Em média, 25% dos que se declaram católicos vão à igreja uma vez por semana, contra 10% dos ortodoxos. Na Bósnia-Herzegovina, 54% dos católicos vão à missa toda semana, e na Polônia 45%. Entre os países de maioria ortodoxa, quem desponta é a Romênia, onde 21% dos que se dizem ortodoxos vão à igreja toda semana. Na Rússia e na Sérvia, esse número cai a 6%, e na Estônia a 3%.
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Mudança de cenário
Mas esse cenário tem uma composição recente: se hoje 71% dos russos se declaram ortodoxos, em 1991, ano em que a União Soviética se dissolveu, os ortodoxos eram apenas 37%. Na Ucrânia, no mesmo período, os ortodoxos passaram de 39% para 78%, e na Bulgária de 59% para 75%.
O mesmo não aconteceu com o catolicismo. Em 1991, 96% dos poloneses se declaravam católicos; hoje são 87%. Na Hungria, o número passou de 63% para 56%, e na República Checa, de 44% para 21%. Segundo o estudo, isso pode ser explicado pelo fato de que grande parte da população desses países “manteve uma identidade católica durante a era comunista, deixando um vácuo religioso menor quando a União Soviética se desfez”.
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Já quando o assunto é simples crença de que Deus existe, os números aumentam bastante. Na Geórgia, 99% da população acredita em Deus. Na Armênia, na Moldávia e na Romênia, 95%. Apenas a Letônia, a Hungria, a Estônia e a República Checa pontuam menos de 75% nesse quesito. Na República Checa, os que creem em Deus são apenas 29% da população.
Ainda que o cenário seja bem diferente de lugares como a África ou a América Latina, onde a crença em Deus é quase universal, é surpreendente que em uma região que durante décadas viveu sob o ateísmo de Estado, a maioria da população creia na existência de Deus.
Com informações de Forum Libertas e Pew Research.
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