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Quando o assunto é educação financeira dos filhos, há uma polêmica que sempre vem à tona: pagar ou não pagar as crianças pelas tarefas domésticas realizadas? Muitos pais preferem dar uma mesada fixa, porém também costumam atrelar o merecimento do dinheiro no fim do mês ao bom comportamento e a ajuda dentro de casa. Será que isso realmente é saudável para a educação dos filhos?

Em entrevista concedida ao Google, no canal Talks at Google, a norte-americana Beth Kobliner, que é especialista em finanças pessoais e também foi conselheira do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no Conselho para Capacidade Financeira, afirma que a noção de trabalhar pelo bem da família, de estar unido a seus pais e irmãos naquilo que fará da casa um ambiente melhor para se viver, é muito mais importante e essencial para o desenvolvimento da criança e para a sua noção de direitos e deveres, do que o simples fato de ser pago por isso.

Cuidar do dinheiro se aprende desde criança

“Quando você coloca dinheiro nessa equação e paga suas crianças pelas tarefas domésticas, você tira esse valor intrínseco de ‘eu vou trabalhar duro pela minha família’”, explica Beth. As afirmações dela são baseadas em um estudo da Universidade de Minnesota que acompanhou crianças a quem foram dadas, desde pequenas, tarefas regulares como arrumar a cama, guardar suas roupas, etc. Os especialistas descobriram que as crianças que realizavam essas tarefas não ligadas ao dinheiro, mas apenas como uma responsabilidade que faz parte da família, como um senso de equipe, tiveram muito mais sucesso em sua formação tanto acadêmica quanto na vida profissional.

“Deseducando”

A economista Angela Broch, explica que os pais que confundem uma educação financeira saudável com o ato de remunerar os filhos pelas tarefas domésticas podem estar contribuindo justamente para um desequilíbrio na relação dos filhos com o dinheiro. “É importante que a criança aprenda a receber e gastar o dinheiro, mas não tendo como contrapartida a execução das tarefas onde ele vive”, explica.

Para a especialista, as tarefas domésticas devem ser feitas por todos os membros da família e os filhos precisam desenvolver um senso de responsabilidade, o que para ela não é algo que deva ser remunerado. “Esse hábito poderia torná-lo uma pessoa condicionada a só fazer as coisas mediante remuneração em dinheiro, quando na verdade ele deve fazê-lo por que também vive ali”.

Educando

Mas então, o que fazer para incentivar nos filhos uma consciência clara em relação ao dinheiro? Para a economista, é preciso deixar eles tomarem pequenas decisões e, depois, pensar junto com eles, literalmente desenhando, as alternativas e consequências – positivas e negativas – que aquela decisão trará. Por exemplo, se seu filho quer muito um brinquedo que custa R$100, você pode dizer que irá ajudá-lo a comprar, mas que com essa decisão ele terá que abdicar de outras vontades. Ou quando vocês estiverem no mercado e ele pedir o pacote de salgadinho que vocês compram toda semana, você pode orientá-lo da seguinte maneira: “Olha, esse salgadinho custa R$10, se eu te der esse dinheiro e você guardar, em pouco tempo conseguirá comprar um brinquedo”. Ou então diga em outra ocasião: “Esse brinquedo que quer vale duas idas ao cinema”. É importante ajudá-los utilizando medidas que faça sentido para eles.

Uma outra dica é deixar que os filhos acompanhem as práticas financeiras da família. Em uma simples ida ao mercado, os pais podem conversar com eles sobre os preços, comparar valores, mostrar os descontos que valem a pena, e fazer a soma ao final da compra. Assim como a aquisição de um carro, por exemplo, em que durante a negociação os filhos podem aprender sobre a diferença de preço das várias marcas, financiamentos, tarifas, porcentagens, parcelamento, juros, etc. Tudo isso, é claro, explicado conforme a idade de cada filho.

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