Cada vez são mais numerosas as pessoas que batem à porta de terapeutas e psicólogos buscando ajuda contra um vício típico do nosso tempo: a pornografia. São pessoas que já tentaram parar, mas não conseguiram, vendo-se em uma situação de dependência. Sentem-se como quem pisa em areia movediça e, ainda que tentem escapar, afundam-se cada vez mais. O pior é que cada vez são mais jovens os que desenvolvem essa dependência.
O acesso ao conteúdo não poderia ser mais fácil: o celular está no bolso, o tablet na mochila, o computador no quarto. Basta uma conexão à internet e se tem toda a pornografia do mundo ao alcance.
Como dizia o Dr. Jeffrey Satinover, da Universidade de Princeton, ao descrever o efeito da pornografia a um comitê do Senado norte-americano: “É como se tivéssemos criado um tipo de heroína cem vezes mais poderosa, que pode ser utilizada na intimidade da própria casa e se injeta diretamente no cérebro através dos olhos.”
O dano que essa dependência causa às pessoas é de tal grandeza que, sem tocar em valorações morais, é necessário conhecer um pouco mais sobre esse vício.
Comparável à droga
Sabemos que o cérebro está dotado de uma grande plasticidade. Um neurônio é uma célula cerebral; quando dois deles são disparados simultaneamente devido a algo que se vê, escuta, cheira ou sente, então se conectam entre si e formam uma conexão neuronal. Por exemplo, se você fez a conexão entre o cheiro do mar e o prazer de um passeio na praia, assim que sentir a brisa marinha, imediatamente saberá que será agradável e prazeroso um passeio pela areia. O seu cérebro irá liberar dopamina, uma substância química que faz você se sentir bem. Nosso cérebro está cheio de conexões desse tipo.
Assim como as substâncias aditivas, a pornografia inunda o cérebro com dopamina. Sobrecarregado, o cérebro trata de proteger-se contra tanta dopamina e assim eliminará alguns receptores químicos, que assumem a função de inibidores. Com menos receptores, o cérebro percebe que tem pouca dopamina e tolerará um pouco mais. A consequência será um impulso cada vez maior à pornografia, exigido por um cérebro que foi “hackeado”.
A partir daí, entra-se numa espiral difícil de parar, porque graças à disponibilidade ilimitada de pornografia na internet, contamos com um sem fim de variedades de conteúdo. Quando o nível de dopamina começa a cair, o indivíduo buscará mais e mais, mantendo os seus níveis de dopamina elevados durante horas. Alguns números ilustram a situação atual entre os jovens: 68% dos meninos e 18% das meninas consomem pornografia pelo menos uma vez por semana.
Algum adulto pode tender a não dar importância a isso e retrucar: “Quem nunca viu alguma pornografia quando jovem?” Contudo, a experiência de um jovem de décadas atrás, que deu uma olhada numa revista às escondidas movido pela curiosidade, não tem nada a ver com a situação de um jovem de hoje, que passa horas por dia na internet consumindo esse tipo de conteúdo.
Quem está sujeito
Podemos pensar que as pessoas viciadas em pornografia sejam alheias ao nosso círculo familiar e de amizade, pessoas carentes de valores, de crenças ou talvez um tanto soturnas. Em muitos casos, esse tipo de juízo está longe da realidade. A pornografia pode entrar em nossa vida através de centenas de milhares de imagens e vídeos que estão à disposição na internet. Pessoas com uma vida social muito bem equilibrada podem ser viciados em pornografia sem que ninguém perceba, fazendo uso dela apenas em momentos de privacidade.
À primeira vista, parece que não há custo no consumo de pornografia, mas o sofrimento que vive um dependente não tem preço. Estas são algumas das consequências:
– A pornografia se torna uma fuga, um escape que serve de evasão; um espaço onde não se enfrenta nada, porque tudo é mentira; onde a consciência adormece e só importa “sentir-se bem”;
– A pornografia gera uma desconexão com a realidade, apresentando modelos de pessoas e de relações que causam ilusão, distorcendo a visão que o usuário tem a respeito da sexualidade e dos relacionamentos;
– A ansiedade e a depressão tornam-se alimento para o vício, embora às vezes sejam as próprias causas da entrada na pornografia;
– A vontade se enfraquece e parece às vezes anulada;
– A pornografia afeta o comportamento e torna mais difíceis as relações pessoais, destrói o amor e a capacidade de doação;
Com informações de LaFamilia.info