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O nascimento de um bebê mobiliza a família e aguça a curiosidade de quem esperou meses para conhecer a criança. Em meio a um turbilhão de sentimentos e transformações físicas e emocionais, os pais ficam divididos entre os cuidados com o recém-nascido, o cansaço e a atenção aos visitantes.

Em um momento tão complexo, profundo e sensível como este, a cultura de visitas deveria ser repensada. É o que defende a enfermeira obstetra e neonatal e parteira contemporânea Mayra Calvette. Normalmente, a atenção das visitas é toda voltada ao recém-nascido. Entretanto, nesta fase, a família precisa de pessoas que vão ajudar a fazer comida, arrumar e limpar a casa, apoiar e encorajar essa mãe para que ela possa cuidar do seu bebê. A rede de apoio pode, inclusive, levar comidas prontas e deixar na geladeira.

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No pós-parto, especialmente nos primeiros 10 dias, a mulher se redescobre junto com o seu filho e precisa de amparo, cuidado e proteção. Além disso, as necessidades de cada mãe são diferentes – algumas não se sentem à vontade para deixar a criança ir no colo de ninguém, enquanto outras precisam de ajuda para descansar, tomar banho ou se alimentar.

“Os pais tê de ter um espaço para construir as bases do seu núcleo familiar. E a mãe está aprendendo a amamentar, conhecendo seu novo lugar e se doando para um outro ser. Portanto, o excesso de visitas pode deixá-la mais vulnerável”, destaca Mayra, integrante do grupo AmaNascer, de Florianópolis (SC) e da Comissão de Parto Domiciliar Planejado da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras de Santa Catarina (ABENFO-SC).

“Uma dica é se juntar a outras mães que estão passando pelo mesmo momento para trocar experiências e fazer companhia umas para as outras”

Para evitar mal-estar e conflitos, os pais podem conversar, de maneira carinhosa, com os familiares e amigos ainda durante a gestação, e explicar que irão avisar quando estiverem prontos para receber visitas após o nascimento do bebê. Para algumas mães, sete dias são suficientes e outras preferem aguardar duas semanas ou mais para receberem as pessoas.

Mayra lembra que após a adaptação inicial, a mãe vai precisar e muito de companhia, pois o puerpério geralmente é solitário. “Uma dica é se juntar a outras mães que estão passando pelo mesmo momento para trocar experiências e fazer companhia umas para as outras. No meu pós-parto eu participei do grupo de mães que eu mesma ajudei durante o parto. Isso fez toda a diferença pra mim e até hoje somos amigas. Fizemos até uma cooperativa de mães, na qual dividíamos os cuidados com os bebês”, conta.

Plano de pós-parto

A enfermeira explica que elaborar um plano de pós-parto é importante para que a mulher possa se recuperar, amamentar, descansar e viver a lua de leite, período em que mãe e filho se conhecem e fortalecem seus vínculos.  Ela precisa de apoio, pois está vivendo o momento mais intenso e transformador de sua vida, um processo de desconstrução e reconstrução.

4 dicas para se organizar com um recém-nascido em casa

Neste plano, o casal pode pensar como será a organização dos primeiros 10 dias, do primeiro mês ou até mesmo de um período maior após o nascimento da criança. Pode-se fazer o planejamento das visitas, indicar quais pessoas ajudarão nas tarefas domésticas, quem vai cuidar da comida e como será a atenção dada a mãe. “Esse plano de pós-parto visa proteger a fluidez do momento crucial de adaptação entre os pais e o recém-nascido. A mãe não deve ter nenhuma outra preocupação além do bebê e deve ser tratada como uma verdadeira rainha”, acrescenta.

Mayra lista, ainda, algumas orientações importantes para as visitas ao recém-nascido:

– Evitar fazer visitas nas primeiras 24 horas, pois o bebê está se acostumando com a vida extrauterina e precisa de um ambiente tranquilo e seguro. Já a mãe está exausta e precisa descansar, pois passou pelo parto normal ou por uma grande cirurgia.

– As pessoas chegam da rua e carregam sujeira, bactérias e trazem toda uma carga emocional. Para visitar a mãe e o bebê, elas devem diminuir o ritmo, chegar devagar e sem emoções negativas, como o estresse.

– Lavar as mãos e passar álcool.

– Pegar o bebê no colo somente se a mãe oferecer. Quando for pegar, o ideal é colocar uma toalha fralda ou um cueiro entre a criança e a roupa do visitante.

– Não apertar, amassar, beijar o bebê ou pegar em suas mãos.

– Jamais visitar a família se estiver doente ou resfriado. A mãe e o bebê estão suscetíveis a qualquer doença.

– Se a visita for fumante, ela deve evitar fumar no dia em que for conhecer o bebê e trocar de roupa, pois as toxinas ficam impregnadas.

– Se o casal tiver um filho mais velho é importante dar atenção para que ele também se sinta visto e amado.

– Não tirar e nem publicar fotos nas redes sociais sem autorização dos pais.

– Cuidar com o excesso de perfumes.

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