O risco de violência sexual contra crianças é algo a que os pais e a comunidade devem estar sempre atentos. O Estatuto da Criança e do Adolescente, que completou 32 anos no último dia 13, afirma que é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar os direitos das crianças, o que inclui evidentemente a sua vida, saúde e dignidade. Mas como estar atento para garantir a segurança da criança?
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Juliana Sabbag, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) do Paraná, sublinha que durante a pandemia houve um aumento no número de casos de violência sexual contra crianças, justamente porque boa parte dos episódios acontecem com pessoas conhecidas, da própria família.
Bem por isso, na linha do que diz o estatuto, é necessário agir sempre em parceria entre a família, a escola, a comunidade religiosa e qualquer outro lugar que a criança frequente. “Que a gente consiga fazer isso juntos, acho que é a melhor contribuição que a gente pode dar”, afirma Juliana, que sugere uma atitude concreta a ser adotada: ter o hábito de conversar com os professores e funcionários da escola ao buscar a criança. “É essa rede de proteção que permite a identificação dos casos”, diz.
No dia a dia, vale sempre prestar atenção a alguns sinais de que algo não vai bem com a criança, como mudanças drásticas de comportamento. “A criança falava bastante e de repente se tornou silenciosa. Não tinha dificuldade para dormir e agora não consegue dormir sozinha”, exemplifica Juliana. E aí o fundamental é sempre manter um clima de diálogo e de abertura com a criança, em que ela se sinta respeitada e em que os seus sentimentos sejam levados em consideração.
Além disso, é importante notar se a criança se afastou repentinamente de alguma figura do seu convívio com a qual ela não tinha problemas anteriormente. E, como prevenção, ensiná-la a nomear as partes do corpo – por exemplo, durante o banho –, sublinhando que existem partes íntimas em que ninguém pode tocar.
Ambiente virtual
Com o avanço da ciberpornografia, porém, é de extrema importância estar atento aos ambientes virtuais. Segundo Juliana, o tempo do uso da tela precisa ser proporcional à idade da criança, e isso é ainda mais sério quando se trata do uso sem supervisão. “É importante que os pais acompanhem o uso, usem bloqueios de sites, recursos para limitar o tempo de tela, filtros, etc.”, indica ela.
“A internet é como uma praça pública em que a criança pode interagir com qualquer pessoa, e assim como a gente não a deixaria sozinha numa praça pública, ali também é importante o nosso acompanhamento”, explica Cecília Landarin Heleno, responsável pelo Programa Defenda-se, do Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI) – um projeto que oferece recursos educativos sobre a autodefesa contra a violência sexual para crianças de 4 a 12 anos.
Com o acesso cada vez mais frequente às redes e por meio de dispositivos cada vez mais privados, é fundamental que no diálogo com a família e os educadores as crianças pouco a pouco aprendam a usar esses recursos de forma segura. Mas não dá para esquecer: “A responsabilidade de filtrar o que está acessando e com quem está conversando não é da criança”, ressalta Cecília. O controle parental é essencial.
Para denúncias de suspeita de violência sexual contra crianças, disque 100.