Birra, choro, manha, frases de efeito fulminante (“Papai, eu te amo”, “Você é linda, mamãe”). As crianças sabem mesmo usar artifícios quando querem alguma coisa. Negociar na hora de cumprir as obrigações, então, é outra especialidade delas: “Eu como toda a comida, mas se tiver chocolate de sobremesa”, “Só arrumo os brinquedos do quarto se depois puder jogar videogame”, “Faço a lição da escola se me levar na casa da vovó”, são alguns exemplos do que os pais acabam ouvindo.
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“Nós, adultos, precisamos entender, no entanto, que a criança é absolutamente capaz de lidar com as próprias frustrações sem ganhar algo em troca e que a falta de limites só ajuda a validar esse tipo de comportamento”, diz a educadora parental Bruna Lorencini, ao revelar que a chantagem emocional pode, sim, começar com os pais. “Sempre que a frase começa com ‘se’, o caminho é perigoso”, alerta.
Pelo que garante a especialista, expressões como: “Se você não me der um beijo eu vou chorar” e “Se o papai não ganhar um abraço, ele vai ficar triste” ilustram bem esse costume equivocado. “O estado emocional do adulto jamais pode estar atrelado às ações da criança. Ela tem que se sentir aceita e amada independente das circunstâncias. Você não pode chorar ou ficar triste na dependência de certa atitude dela”, destaca.
Raiz do problema
Para Bruna, os responsáveis também apresentam a chantagem às crianças quando condicionam situações. Por exemplo: “Se você fizer isso de novo, nós não vamos mais”, “Se você não parar agora, nós vamos embora” ou “Se você se acalmar, a mamãe compra um sorvete”, em especial naqueles chiliques dentro de lojas de brinquedo, shoppings e supermercados. “Nós não devemos educar [os filhos] para a obediência, mas sim para o respeito”, ressalta a educadora.