Quem está na faixa dos 30 anos de idade e tem ou teve pais preocupados com o futuro financeiro, possivelmente teve aberta em seu nome, ainda na infância, uma conta poupança. Nas décadas de 1980 e 1990 era comum esse tipo de comportamento. Hoje em dia, porém, as coisas mudaram. O Sempre Família conversou com dois especialistas que ajudaram a traçar um plano para investir hoje pensando em como os filhos podem aproveitar no futuro.
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Laduir Pinelli, consultor e educador financeiro explica que primeiro é preciso entender que poupar é diferente de investir. “Uma coisa é guardar dinheiro e outra é fazer o dinheiro multiplicar”, diz. Ele também defende que é importante saber o perfil investidor dos pais. Se são conservadores, por exemplo, vão buscar investimentos mais conservadores. O problema é que ao longo do tempo esses são os que tendem a ser menos rentáveis.
Por isso o consultor é otimista ao dizer que as crianças têm algo muito bom a favor delas: o tempo. “Os investimentos que rendem mais são aqueles que oferecem o maior risco, mas o tempo minimiza isso”, afirma ele. Pinelli também esclarece que assim que a criança tem um número de CPF já pode abrir uma conta em alguma corretora. E esse é o conselho que ele dá aos pais com medo de investir sozinhos.
“Eu comecei a guardar dinheiro com 35 anos, quando meus filhos nasceram”, lembra o educador financeiro. Ele conseguiu comprar dois imóveis, um para cada filho, e hoje está aposentado. Se os dois tivessem nascido agora, possivelmente o plano seria outro. O que ele indica, hoje, seria destinar algum valor à compra de ações ou fundos de renda variável, que têm maior risco e, consequentemente, maior rentabilidade. E uma outra parte seria destinada ao Tesouro Direto e investimentos de renda fixa, como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Até um plano de previdência privada pode ser uma boa opção, na opinião do consultor. O mais importante, de acordo com ele, é não esperar mais e sempre reservar no mínimo 10% dos ganhos para esse tipo de investimento. Loni Batist, diretora de Educação na Guide Investimentos, concorda que a previdência privada é um bom produto. “Ajuda na disciplina. Juro composto sozinho não faz mágica. Juro composto com a disciplina dos aportes periódicos é uma mistura mágica”, justifica.
Loni também enfatiza que a possibilidade de agendar o débito automático na conta facilita muito a vida de quem não tem o hábito de poupar. “O passo um não tem jeito. Educação financeira envolve várias coisas. Tem que entender de investimento, mas não adianta saber investir se não sei guardar”, alerta. Por isso a cultura de economizar e poupar deve ser repassada aos filhos e à família, na opinião dela.
A especialista ressalta que o brasileiro tem uma cultura de investir em imóveis e poupança, mas hoje essas não são as melhores alternativas. Como o tempo está a favor desse investidor, produtos com alta liquidez e baixa volatilidade, como renda fixa, trarão menos retorno. “Eu não preciso de liquidez nesse momento, para esse propósito. Ativos com maior liquidez pagam menos”, indica.
Empresas conhecidas e que, a longo prazo, demonstram que terão crescimento considerável porque se posicionam bem, que inspiram confiança e recebem comentários positivos dos analistas são as mais indicadas para compra de ações, conforme recomenda Loni. Ela destaca que se os pais não quiserem ter um assessor de investimento que possa intermediar a operação, fundos de investimentos multimercado são uma boa opção assim como a aquisição de alguns títulos públicos.
A principal recomendação dela é justamente variar a carteira de investimentos para não ficar refém de apenas um produto e dos altos e baixos do mercado. “A longo prazo o produto pode ter impacto por causa do cenário econômico, mas a diversificação te livra dos impactos dessas alterações”, argumenta. E conclui: “O cenário vai continuar mudando. Uma carteira inteligente mantém a rentabilidade ao longo dos anos. E sempre precisa revisar o plano”.