Antes de mais nada, é importante ressaltar que a criança não é o centro da família porque quer, mas sim porque há um adulto que permite. E muitas vezes os pais nem se dão conta disso, só percebendo o problema quando a parte social da criança sinaliza que há algo errado.
Siga o Sempre Família no Instagram!
Para ela a psicóloga clínica Camila Corsato, vivemos um tempo em que a felicidade e o prazer são os imperativos que regem o sucesso de alguém. Por isso, temos não só crianças, mas, também, adultos que precisam ter todos os seus desejos satisfeitos, que exigem a felicidade e não toleram a mínima frustração.
Só que, no caso das crianças, a família tem a contribuição da escola, para constatar esse problema. É que ali, quando está com os colegas, que professores percebem dificuldades de socialização, de respeito às e verificam a incapacidade do aluno de fazer amigos. Mas como perceber que a paternidade está centralizada nos filhos? Alguns pontos a considerar são:
- Quando as atividades da família passam a ser definidas em função dos filhos. Por exemplo: o cardápio, a música do carro, o canal da tevê.
- Quando os pais não conseguem conversar ou estabelecer uma mínima relação quando os filhos estão acordados, pois a criança exige ser o centro das atenções e não suporta que na vida dos pais aconteçam coisas das quais ela não participa.
- Quando pais ou mães (ou ambos) abrem mão de seus sonhos, de sua vida profissional, de sua vida pessoal em nome de projetos futuros que sonham para seus filhos.
E as consequências de avançar uma etapa e, ainda pequena, a criança ser colocada no nível do adulto são uma falsa sensação de poder e uma falsa autonomia, que podem torná-la um adulto inseguro e com significativas complicações na autoestima.
A desestabilização do ambiente familiar
Esse comportamento dos pais em relação aos filhos acaba, inclusive, afetando o relacionamento conjugal, desestabilizando o ambiente familiar. Camila alerta para os possíveis problemas conjugais resultados dessa relação: o afastamento e o esquecimento das figuras marido e mulher que dão lugar apenas às figuras de pai e mãe.
Para evitar que isso aconteça é importante e necessário entender que o bebê pode reinar na família nessa fase, algo fundamental para construção do alicerce de sua personalidade. Mas que, entre o final do primeiro ano e a chegada do segundo ano de vida, ele deve ser “destronado”, de acordo com Camila. “Assim, ele acabará concluindo algo que já vem desconfiando há algum tempo: ele não é o centro das atenções e sua mãe tem outros interesses que não apenas ele, sendo que um dos interesses é seu pai”.
É preciso, também, que pai, mãe ou qualquer outro cuidador tenham outros interesses e outros projetos que não apenas a criança. “Dessa maneira, a chamada ‘infantolatria’ não acontece, porque os os desejos dos pais se deslocam da criança e ela não se torna objeto de satisfação dos desejos dos pais”, finaliza a especialista.