Mesmo cientes de que esse dia chegará, os pais não costumam se preparar para esse momento em que os filhos saem de casa.| Foto: Bigstock
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Até mesmo aqueles pais que dizem “criar os filhos para o mundo”, ao se depararem com a saída deles de casa acabam sentindo bastante. É algo inevitável. A rotina familiar muda, a presença daquele filho já não é mais constante durante a semana e até o relacionamento conjugal agora precisa ser ajustado. Mesmo cientes de que esse dia chegará, os casais não costumam se preparar para esse momento do afastamento. Mas deveriam.

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E a idade para que esse preparo comece pode ser algo assustador, mas tem sua questão lógica: é desde o nascimento da criança que os pais devem compreender que um dia o filho irá embora de casa. Por isso, ao longo da vida, o casal deve criar um lar que acolha em amor e que promova a aceitação. Dessa maneira aquele filho crescerá independente e autônomo, guiado por seus pais. “Acolhidos, amados, aceitos e cuidados eles deverão adquirir um repertório de habilidades em que gradativamente aprenderão o cuidado de si mesmos”, explica Clarice Ebert, psicóloga e terapeuta familiar.

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A especialista conta que é importantíssimo que o casal compreenda seu papel parental, onde a nobre missão é a de educar os filhos para a vida. E aqui há de se cuidar para que o relacionamento conjugal não perca a força. É um movimento realizado simultaneamente por parte do casal de pais que, ao mesmo tempo em que educam as crianças também cuidam de seu relacionamento. “O papel parental jamais deve solapar o papel conjugal. Ambos precisam e podem coabitar”, diz Clarice.

Todo esse trabalho de planejamento facilitará a rotina familiar no momento em que o filho sai de casa para construir a própria vida. “Ao chegar à essa fase marcante do ciclo de vida familiar, ninguém sentirá esse movimento como uma perda dramática”, comenta a psicóloga. E inclusive, segundo ela, a saída dos filhos de casa pode ser um notável desenvolvimento aos cônjuges. Se eles, como indivíduos e como casal, aproveitarem suas experiências acumuladas, seus sonhos e suas expectativas para realizar possibilidades não alcançadas enquanto se dedicavam à criação dos filhos, esse momento será muito mais especial.

Elas sofrem mais do que eles?

É uma questão cultural. Isso porque em muitas culturas as mulheres são socializadas para o papel de cuidadoras da vida familiar, especialmente quando diz respeito aos cuidados domésticos e cuidados dos filhos. “Especialmente mulheres que assumem a maternidade como uma função que se configura como o principal sentido de suas vidas”, pontua Clarice.

Por isso, a impressão de que são elas as que mais sofrem quando os filhos saem de casa. Mas os pais também se ressentem com esse momento, principalmente quando se percebe a evolução positiva na vida familiar dos últimos tempos, em que os pais também se colocam nessa função de atender às crianças.

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O ninho vazio

Por nem sempre se prepararem para o momento em que os filhos deixarão a sua casa, muitos pais tendem a sofrer com o que se chama de Síndrome do Ninho Vazio. Nesse momento, o sentimento de tristeza e desânimo costuma acometer os pais, além de alguns demonstrarem excessiva preocupação com a maneira como os filhos viverão dali em diante.

Mas Clarice explica que aos pais que fizeram um bom trabalho na educação desses filhos, este será um momento em que eles poderão assistir e saborear a independência deles e a nova fase da vida de todos com alegria. “Os pais ao abdicarem da função parental poderão assumir novas posturas em que estarão mais abertos para renegociar o próprio sistema conjugal”, avalia.

O casal nesse momento pode retomar os projetos que por alguns instantes foram deixados de lado enquanto criavam os filhos. O ideal é que durante a vida os dois se envolvam com amor, dedicação e responsabilidade na educação de seus filhos e não se esqueçam que deverão simultaneamente dar atenção também à sua relação de casal.

“Os filhos tendem a admirar o amor de seus pais e a sentirem-se mais seguros em seguir em sua caminhada adulta, ao saírem do ninho de seus pais para organizarem seus próprios ninhos, sabendo que seus pais seguirão parceiros em novos projetos de vida conjunta”, finaliza a especialista.