Seja pensando em fazer o que é certo ou para suprir alguma ausência, mimar os filhos trará consequências para o futuro deles.| Foto: Bigstock
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Todo pai e mãe desejam dar aos filhos boas condições de vida. Só que muitas vezes o excesso de amor e cuidado faz com que alguns limites sejam extrapolados e as crianças fiquem mimadas demais.
Mais do que lidar com a birra e as irritações que isso pode causar, é preciso entender que as consequências desse comportamento refletem no futuro de maneira significativa.

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Porém, não é frutífero procurar ou apontar "culpados", pois que todos costumam ter uma parcela de responsabilidade nesse comportamento, como explica a psicóloga Maísa Pannuti. “Crianças mimadas recebem uma educação que favorece esse tipo de comportamento", avalia ela, que também é doutora em Educação, e assessora de Psicologia do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) do Colégio Positivo.

Os pais, na opinião da psicóloga, precisam avaliar por qual motivo mimam os filhos. “Muitas vezes se sentem culpados por não darem a devida atenção, seja pelo excesso de trabalho, seja pela falta de paciência. Ou porque tiveram uma educação muito rigorosa e não querem que os filhos passem por isso também”, analisa ela.

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Sofrimento em potencial

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As razões podem ser inúmeras, mas o fato é que as consequências afetam todo o desenvolvimento da criança, de acordo com Maísa. “Criança mimada tem potencial enorme para sofrer. Porque ela vai ter tudo o que quer dos pais, mas o mundo não vai dar tudo o que ela quer. É uma carga enorme de frustração e sofrimento”, alerta.

O segundo ponto destacado por ela é que muitas desenvolvem uma autoestima falsa. “É uma autoestima extremamente elevada porque elas acreditam que podem tudo e, ao acreditarem nisso, o tombo é maior”, destaca a psicóloga. Outras crianças, por outro lado, analisa Maísa, desenvolvem autoestima rebaixada porque não precisam lutar por nada.

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Comunicação positiva

Para lidar com esse aspecto da educação dos filhos, a comunicação é a chave, diz a psicóloga infanto-juvenil Carla Saad. Estabelecer limites, para ela, é essencial. Assim como fazer acordos estipulando possíveis consequências em caso de descumprimento. “Com muito diálogo, é importante saber ouvir o que a criança sente e precisa. Assim como estar atento às necessidades e ter clareza do que aceita e não aceita e transmitir isso para a criança”, justifica.

Estipular rotinas com disciplina não significa ser autoritário, reforça a psicóloga. “Essa postura irá fazer com que você tenha vínculo, respeito e admiração dos seus filhos. Com isso, consequentemente, você também terá obediência, pois autoridade tem a ver com admiração e respeito, não somente com obediência e submissão”, orienta Carla.

Daniela Andrade, dona de casa e mãe de três crianças, conta que dividir as tarefas em casa foi importante para que os filhos desenvolvessem um senso de responsabilidade. “O mais velho foi um pouco mais mimado, mas percebi que, com a chegada dos irmãos, eu precisava de ajuda. Com o tempo ele percebeu que conseguia ser essa pessoa para mim”, lembra a mãe.

Carla apoia que os pais contem com as crianças para resolver essas questões, mas reforça a importância da clareza e assertividade. “A criança tem que saber o que você espera dela, o que ela pode e não pode fazer. Isso tem que ser dito claramente. Tem que ser coerente. Levar em consideração a idade, o que a criança já e capaz de fazer e o que ela não é capaz”, conclui.