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O trabalho é uma das realidades mais fundamentais em nossa vida. É exercendo a nossa profissão que passamos a maior parte dos nossos dias. O que muitas vezes acabamos esquecendo, porém, é que o trabalho, apesar de suas durezas, é uma realidade boa: por meio dele expressamos nós mesmos, transformamos a realidade, servimos a sociedade e provemos o nosso sustento e de nossa família. E, quando vemos apenas a carga que o trabalho traz ao dia a dia, corremos o risco de transmitir isso às crianças e perpetuar essa visão negativa de uma realidade fundamental.

“É muito importante que os pais não reclamem do trabalho na frente da criança, porque senão ela vai crescer com a crença de que o trabalho é algo negativo”, orienta a educadora parental Ana Paula Franz, que recomenda um sorriso no rosto ao falar do trabalho.

“A forma como os pais se relacionam com o trabalho é provavelmente a forma como os filhos vão se relacionar com essa realidade também. Os pais são a primeira escola que os filhos têm sobre isso”, concorda a psicóloga Ana Caroline Bonato da Cruz. “Não é preciso romantizar. Como tudo na vida, o trabalho tem altos e baixos, mas é importante não ficar só no negativo e assim transmitir essa mensagem”.

Uma dica para aproximar a criança desse mundo é, claro, levá-la para conhecer o ambiente em que você trabalha, se isso for possível. Mas esse não é o único recurso. Contar aos seus filhos um pouquinho sobre a sua carreira e lembrar que o trabalho é responsável por quase tudo o que vocês têm também são boas práticas.

“Com isso, ressaltamos que o trabalho não é um peso, mas uma graça – tanto que é um grande problema para uma família que alguém fique desempregado. Ensinar o sentimento de gratidão à criança é muito importante e a ajuda a perceber o trabalho como algo que tem muito valor”, explica Ana Paula.

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Saudade

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Uma questão importante ligada à relação das crianças com o trabalho é a saudade que elas sentem quando a mãe ou o pai se ausentam para ir trabalhar – e que de início as crianças não entendem. “Para a criança a previsibilidade do que vai acontecer é muito importante”, afirma Ana Caroline. “Muitas vezes as crianças têm a sensação de abandono. Por isso, é muito importante que os pais tenham rituais de chegada e de partida, contando o que vão fazer, se despedindo e dizendo que estarão de volta”.

“A comunicação é um elemento fundamental para a confiança e a segurança da criança, independentemente se o pai ou a mãe está indo trabalhar, viajar ou só dar uma volta”, complementa Ana Paula. Como as crianças pequenas ainda não entendem quando falamos em horas e minutos, a dica da educadora parental é que os pais trabalhem com associações, dizendo, por exemplo, que o papai estará de volta depois da hora da sonequinha ou que a mamãe vai buscá-la na escola depois do lanchinho.

“Outra ideia é brincar de teatro com os bonecos preferidos da criança, mostrando a dinâmica familiar, em que o pai e a mãe saem para trabalhar e depois voltam, se reencontram com a criança e todos fazem festa”, recomenda Ana Paula.

Ana Caroline sugere usar a rotina escolar da criança como um paralelo ao trabalho do pai e da mãe, indicando que todos têm alguma responsabilidade. “Em ambos os casos, há consequências se faltarmos ou se fizermos mal as coisas”, diz a psicóloga. “Também é importante o cuidado com o equilíbrio entre trabalho e família, para que a criança entenda que o trabalho não se sobressai à família. Assim, ela compreende que cada coisa tem seu momento”.

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