A autoestima reflete a percepção que uma pessoa tem de si e pode gerar sentimentos de inferioridade ou de superioridade. O desenvolvimento dessa consciência começa logo nos primeiros anos de vida e, especialmente no caso das meninas, a autoconfiança precisa ser estimulada sempre. É a atitude dos pais que ajudará a definir os traços de personalidade que podem ajudar a construir um bom relacionamento com a própria imagem, porque o comportamento dos pais afeta diretamente os filhos.
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A primeira coisa a se pensar é que devem existir exemplos de mulheres com boa autoestima perto da criança, de acordo com Valéria Ghisi, doutora em psicologia e professora curso Psicologia da Universidade Positivo. Ela explica que a proteção excessiva é prejudicial. “Às vezes a gente fica com tanto cuidado que diz pra não mexer, não fazer tal coisa porque é perigoso. Sem querer a gente acaba dizendo que a criança não vai conseguir, que não é capaz”, justifica.
Escutar o que a criança quer é outra dica da psicóloga. “À medida que deixamos a criança escolher algo, ela já começa a lidar com as consequências dessa escolha”, ensina Valéria, que completa: “Boa autoestima é saber lidar com o fracasso. Tentar de novo quando o plano não dá certo, ser capaz de persistir em algo”. O problema, segundo ela, é que estimular ações, conquistas e a luta por alguma coisa está muito mais relacionado ao universo masculino e as meninas acabam sendo prejudicadas.
É por isso que leitura de histórias infantis com personagens femininas e mesmo a apresentação de grandes mulheres da bíblia são uma forma de auxiliar no desenvolvimento dessa confiança.
Aceitação
Cintia Mara Macanhão, psicóloga clínica, ressalta que a aceitação do próprio corpo é uma fase difícil na vida das meninas, principalmente na pré-adolescência. “Aos 10, 12 anos essa aceitação é muito influenciada pela forma como a mãe lida com o corpo”, afirma. Se a mãe fica sem comer ou reclama muito na frente do espelho, por exemplo, a filha pode criar essa mesma sensação e começar a se preocupar. Além as comparações na escola, ressalta Cintia.
Outro aspecto relevante são as críticas que a criança ouve ao longo da infância. A individualidade se relaciona diretamente com a aprovação das atitudes pela família, segundo Cintia. “Se os pais são muito críticos passam a impressão de que o amor é condicional. É como se você dissesse que só ama a criança se ela fizer tudo certo”, alerta. E mesmo depois de adultos, a psicóloga reforça que as críticas ficam internalizadas, influenciando o comportamento e a visão de mundo dessa pessoa que foi tão tolhida na infância.
Saber olhar para os filhos e entender o que os deixa felizes é um bom termômetro para entender se a personalidade deles está se desenvolvendo no sentido de acreditar na própria capacidade. E mesmo quando os pais acreditam estar fazendo tudo certo, Cintia reforça que alguma atitude sempre passa e que tudo bem errar. Há casos também, reafirma a psicóloga, em que não importa o que a família faça, a criança ainda terá as próprias características.
O mais importante, de acordo com as duas especialistas ouvidas pelo Sempre Família, é dar amor aos filhos e demonstrar esse sentimento. “Ao ter certeza de que você deu o seu melhor, pode saber que os avanços serão pela vida inteira”, conclui Cintia.