Não é necessário ser especialista em desenvolvimento infantil, mas conhecer um pouco cada etapa facilitará a criação dos filhos.| Foto: Troy T/Unsplash
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Nós já falamos várias vezes, aqui no Sempre Família, sobre desenvolvimento infantil: as diferentes fases, características e cuidados com cada idade. Mas, talvez, o que tenha faltado explicar é a importância de você entender – mesmo que um pouco – sobre as etapas de desenvolvimento que seu filho está passando, ou vai passar, (até para que possa acertar mais com ele). Por isso, achamos que valia a pena fazer uma nova publicação só sobre isso.

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“As fases [do desenvolvimento] se sucedem rápido demais. Então, é normal que os pais fiquem um pouco perdidos”, esclarece a psiquiatra e psicoterapeuta, Maria Lúcia Maranhão Bezerra, presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP). Segundo ela, ao mesmo tempo em que se adaptam às circunstâncias psicológicas da criança, elas mudam em questão de semanas – e começa tudo de novo. “Quanto mais novos os filhos, maiores são essas diferenças”, afirma.

A especialista descarta, no entanto, a necessidade de os pais se tornarem cientistas. “Não é isso. Eles não devem se tornar cientistas, porque isso os priva do uso espontâneo e criativo da intuição e mesmo da originalidade de cada um. Cada família têm um estilo [de criar os filhos] e isso precisa ser preservado”, defende.

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Ainda pelo que analisa Maria Lúcia, muitos pais têm períodos mais inspirados e menos inspirados na criação dos filhos. “É preciso que se dê bastante espaço para essa situação de improviso e para as coisas que não vão se cristalizar. É uma questão de valorizar a serenidade, inclusive com o erro, desde que com boa intenção. Porque, às vezes, os pais erram, mas o que prevalece afetivamente é o empenho”, garante a especialista ao apontar que: “No replay todo mundo faz gol”, no sentido de que, de fora, é sempre mais fácil opinar.

“A minha orientação é que os pais se resignem a abrir mão da criança sonhada e possam encontrar o filho real, que muitas vezes tem uma personalidade menos idealizada, menos romantizada daquilo que se construiu. Eu acho que isso facilita bastante na hora de enfrentar os momentos de amor e de frustração que envolvem o processo de formação de uma criança”, acrescenta.

Desabrochar

Já a psicóloga clínica, Lara Danieli Texeira, acredita que quando se fala em desenvolvimento infantil precisamos lembrar que a criança se assemelha à uma semente. “Ela já nasce com uma personalidade que precisa ser desenvolvida. Não comparada ao Joãozinho ou à Mariazinha, mas no que ela pode ser de melhor em relação a ela mesma. Os pais não criam nada de novo, mas possibilitam que essa semente se torne a planta mais majestosa que ela possa ser, respeitando o seu processo individual de crescimento”, ressalta.

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Para ela, a frustração é extremamente necessária para o desenvolvimento da criança, mas, antes de cobrar algo, que os adultos sempre se perguntem: “Meu filho possui tal informação?” ou “Eu já conversei com ele sobre esse assunto?”. Segundo Lara, a situação é similar ao bebê que está prestes a colocar o dedo na tomada.

“Ele não sabe que a saída de energia possuiu corrente elétrica que pode feri-lo. Para isso, os pais encontram uma forma de passar a informação e garantir que a criança não se machuque. Eles adaptam uma linguagem (seja por expressões faciais ou verbalização) que seja capaz de garantir a vida da criança”, compara.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Etapas

Citando Jean Piaget, famoso cientista suíço do campo da inteligência infantil, a psicóloga Lara Texeira elenca os quatro estágios do desenvolvimento de uma criança:

  • O sensório motor, que vai até aproximadamente os 2 anos de idade e consiste em um período pré-verbal, no qual o bebê busca aprender sobre a percepção de si mesmo, dos seus próprios reflexos e dos objetos à sua volta;
  • O segundo estágio, pré-operatório, aproximadamente dos 2 aos 7 anos, é o aparecimento da função simbólica por meio da linguagem.
  • O terceiro estágio, o operatório concreto, entre os 7 e os 12 anos, é marcado pelo surgimento de lógica nos processos mentais, solução de problemas concretos, cooperação e autonomia.
  • O quarto estágio, o operatório formal, a partir dos 12 anos, é marcado pelo relacionamento com conceitos abstratos e raciocínio.
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“É importante salientar, no entanto, que os estágios são tendências coletivas do desenvolvimento infantil e que cada criança irá desenvolver sua própria maneira de viver no mundo”, reforça e finaliza a especialista.