Enrolar faixas ao redor do coto umbilical e exigir que a mãe faça 40 dias de dieta líquida estão entre os mitos| Foto: Isaac Taylor/Pexels
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É comum as mamães de primeira viagem receberem uma avalanche de sugestões a respeito dos cuidados com seu bebê. Afinal, os avós da criança, amigos e outros familiares querem dividir o conhecimento que adquiriram com seus filhos e participar da rotina do recém-nascido. “Só que muitos métodos colocados em prática há vinte ou trinta anos não são mais recomendados, e a gente fica em uma situação difícil”, relata a mãe Scheila Gabriela Da Palma.

Segundo ela, entre os “conselhos” que ouviu assim que deu à luz à pequena Mariana estavam o de não limpar o cordão umbilical da bebê e também o de oferecer chás de camomila ou erva doce para que a pequena dormisse melhor.

“Mas meu pediatra já tinha orientado a higienizar o umbiguinho dela com álcool 70 e a não dar mais nada além do leite materno”, conta a estudante de psicologia, ao lembrar o quanto essas opiniões lhe afetaram emocionalmente. “Me sentia confusa, insuficiente, deprimida e não sabia em quem acreditar”.

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Para evitar essa situação, a assistente de parto Manoela Castro orienta as mães a pesquisarem sobre os cuidados com o recém-nascido, realizarem cursos online durante o período de pandemia e marcarem uma consulta para tirar dúvidas com o pediatra antes do nascimento.

“Assim, quando as sugestões equivocadas aparecerem, você poderá falar que o médico a orientou de outra forma e ainda indicar um artigo sobre o assunto para que a pessoa leia”. No entanto, a doula garante que isso deve ser feito com paciência, sem afastar os familiares, pois o apoio deles nesta fase é fundamental.

E, para ajudar as mamães nessa tarefa, o Sempre Família conversou com o pediatra Luiz Renato Valério, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, a respeito de 12 métodos que eram muito utilizados antigamente, mas que hoje não são recomendados. Saiba quais são eles:

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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  1. Manter o bebê muito agasalhado

    Deixar o bebê completamente enrolado com faixas, panos e cobertores fazia parte da rotina dos pais há quinze ou vinte anos com o objetivo de manter a criança em uma posição semelhante à do útero. No entanto, isso tira a liberdade de movimentos do bebê e não é mais indicado. “O ideal é que ele esteja confortável e com roupas em quantidade proporcional à temperatura ambiente”, afirma o pediatra, ao citar que a criança sente, sim, mais frio que um adulto, mas não é preciso exagerar nos agasalhos.
  2. Usar faixas ao redor do umbigo

    Outro cuidado que os avós costumavam ter era o de enrolar a barriga do bebê com faixas até que o coto umbilical caísse, entre 7 e 14 dias após o parto. “Mas isso não deve ser feito”, orienta o médico, ao explicar que o local deve ser higienizado com álcool 70 e cotonete, ficando exposto o maior tempo possível para facilitar a cicatrização. Além disso, “a fralda não deve encostar no umbigo para evitar que fezes ou urina cheguem ali”.
  3. Receber banho somente após a queda do coto umbilical

    Deixar o bebê sem banho também é uma tradição antiga que não é mais recomendada. Atualmente, a criança passa pela higienização após o parto e pode tomar banhos ao chegar em casa. Para isso, basta que os pais façam a limpeza do coto umbilical a cada troca de fraldas e evitem mergulhar essa região na água no momento em que lavarem o neném.  
  4. Colocar uma moeda no umbigo para evitar hérnia

    Também existiam pessoas que colocavam uma moeda no coto umbilical do recém-nascido na tentativa de evitar a formação de hérnia no local. “Só que isso é mito e não deve ser feito, pois as moedas circulam livremente por aí e possuem bactérias que podem prejudicar o recém-nascido”, alerta Valério.
  5. Não deixar o recém-nascido arrotar no seio

    Ainda segundo ele, era comum ouvir antigamente que o bebê não deveria arrotar no seio, pois isso causaria fissuras mamárias e traria dor à mãe. No entanto, o pediatra garante que isso não acontece. “Aliás, é muito difícil o bebê arrotar enquanto mama, mas, se acontecer, não há motivo nenhum para preocupação”.
  6. Realizar 40 dias de dieta líquida após o parto

    Há trinta ou quarenta anos também era recomendado que as mães passassem 40 dias após o parto ingerindo somente líquidos, como água, chás e canja de galinha. “Só que isso é absolutamente mito, pois não traz benefício nenhum à mãe ou ao bebê”, garante o médico do Pequeno Príncipe. Segundo ele, a orientação atual é que a mulher mantenha uma dieta equilibrada com muitas frutas e verduras, a fim de transferir a maior quantidade de nutrientes por meio do leite materno. “Lembrando que nessa fase não é indicado comer alimentos ácidos, gordurosos ou com produtos químicos, como temperos prontos e conservantes”.
  7. Tomar cerveja preta para produzir mais leite

    Outra orientação antiga era a de que a mãe deveria tomar cerveja preta para estimular a produção do leite materno. No entanto, isso hoje é proibido para gestantes ou lactantes por trazer riscos graves ao bebê, sendo uma das principais causas de deficiência intelectual e anomalias congênitas. “Ou seja, a mulher não deve ingerir qualquer bebida alcoólica durante esse período e precisa respeitar essa recomendação”, afirma o especialista.
  8. Permanecer 40 dias sem lavar o cabelo

    É comum ainda encontrar avós que incentivam mamães a permanecerem 40 dias sem lavar os cabelos após o parto. Entretanto, o pediatra garante que não há nenhuma contraindicação em higienizar as madeixas nesta fase. “O que não é recomendado é o uso de tinturas e de outras substancias químicas, pois isso, sim, pode afetar o bebê”, alerta. Mas, se a mulher quiser muito mudar o visual, a orientação é usar tonalizantes ou produtos naturais, sem passá-los na raiz do cabelo.
  9. Deixar o bebê no escuro nos primeiros dias

    Manter o bebê em ambientes completamente escuros nos primeiros dias – como costumava ser feito antigamente – também não faz sentido, pois a criança se acostuma com a luminosidade após o nascimento. “Então, é mito achar que qualquer luz causará desconforto visual”, tranquiliza Valério.
  10. Assoprar as unhas do recém-nascido para que elas não cresçam

    E, ainda que seja difícil de acreditar, há pessoas que incentivam os pais a assoprarem as unhas do bebê para evitar que elas cresçam. “Claro que isso não é real e que a unha precisa, sim, ser cortada”, afirma o especialista, ao orientar que o procedimento deve ser feito com muito cuidado, retirando apenas os excessos. “Isso evita que o bebezinho se arranhe ou que machuque o próprio olho, causando uma pequena lesão de córnea, por exemplo”.
  11. Amamentar outros bebês no seio quando há muito leite

    Dividir o leite materno abundante com outros bebês diretamente no seio era mais uma das ações comuns há vinte ou trinta anos. “Mas hoje em dia essa atitude é absolutamente contraindicada pelo risco de transmissão de doenças”, explica o médico, ao orientar as mães que têm muito leite a buscarem um banco de leite e realizarem a doação ali. “Dessa forma, o produto será passado por um processo de pasteurização e, só depois, poderá atender crianças prematuras com segurança e excelentes resultados.
  12. Dar água e sucos à criança até os 6 meses de idade

    Por fim, os avós costumam incentivar a ingestão de água, chás e sucos pelos bebês na tentativa de ajudar os netos a dormirem melhor ou sentirem alívio das cólicas. No entanto, assim como os demais métodos citados acima, esse também não é recomendado. “Segundo as últimas informações da Sociedade de Pediatria, o bebê amamentado ao seio deve receber exclusivamente o leite materno até completar seis meses. Então, nada de acrescentar outros líquidos à alimentação dele”, finaliza Valério.