Sem a possibilidade de realizar o tradicional Chá de Bebê devido às restrições sociais, a jornalista Raquel Derevecki optou pelo evento em estilo drive-thru e recomenda essa alternativa| Foto: William Bilches
Ouça este conteúdo

Assim que recebemos o tão esperado “positivo”, em janeiro de 2020, já começamos a imaginar como seria a gestação, cada exame e as comemorações durante a gravidez. Só que os planos tiveram que mudar completamente devido à pandemia de Covid-19 e, assim como milhares de gestantes em todo o mundo, imaginamos que não teríamos mais nosso Chá de Bebê para comemorar esse momento tão especial com familiares e amigos.

Até que começaram a aparecer ideias de eventos em estilo drive-thru e carreatas por todo Brasil. Eu e meu marido Dioni Brandt achamos a ideia interessante, comentamos com a família a respeito da possibilidade e todos nos apoiaram. Assim, no lugar de um evento tradicional em um salão de festas com direito a salgados, doces e brincadeiras, decidimos fazer tudo ao ar livre, na rua, com cada convidado usando máscara dentro do seu carro, os presentes sendo higienizados com álcool e todos levando docinhos para comer em casa.

CARREGANDO :)
CARREGANDO :)

Para isso, iniciei o preparo da festa com aproximadamente um mês de antecedência. Pesquisei valores de caixinhas personalizadas para os doces, solicitei a produção delas e pedi a um amigo que preparasse a arte do convite que eu enviaria às pessoas especiais em nossa vida. E enviei para todas elas. Afinal, como não dependíamos do espaço disponível em um salão para acomodar os convidados, seria possível convidar muito mais gente do que teríamos chamado para um Chá de Bebê convencional.

A diferença é que cada mensagem enviada pelo WhatsApp precisava de bastante informação a respeito do evento, pois muitos ainda não sabiam como uma "Chárreata" funcionava, mas estavam dispostos a descobrir. Depois, com os amigos e familiares cientes da data em que faríamos o “Chá de Bebê diferente”, comecei a procura por uma decoração que seria montada em frente à nossa casa, de um fotógrafo e um cinegrafista para registrarem o momento e também dos balões e bandeirolas para fixar nos carros. Afinal, todos os veículos deveriam entrar no “clima da festa”.

Também pedi orçamentos para a produção dos doces que seriam entregues como lembrança no evento e solicitei que os convidados confirmassem presença 15 dias antes para que eu mandasse fazer a quantidade certa de docinhos. Aí, na semana do encontro especial bastou enviar um lembrete para todos informando que seria organizado um grupo específico da Chárreata, no WhatsApp, para que todos recebessem mais detalhes.

A gente sabe que muita gente não gosta desses grupos, mas foi a melhor maneira de falar com todos os participantes três dias antes do "chá", apresentar ideias de como cada um poderia decorar seu veículo e ainda marcar o ponto de encontro para organização da fila de carros. Então, pedi à minha irmã que coordenasse tudo por ali, e foi ótimo!

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
Publicidade

E será que deu certo?

No dia marcado – 12 de julho –, o pessoal chegou com antecedência ao endereço combinado, muitos já vieram com os veículos decorados, fizeram cartazes e, aqueles que não tinham conseguido preparar o carro ainda tiveram tempo de colocar balões e bandeirinhas. Com isso, foi só virar a chave, apertar a buzina e iniciar o percurso de aproximadamente 900 metros até nossa casa.

Lá, as vovós da Hannah recebiam os presentes e passavam álcool em todos eles, enquanto os vovôs alcançavam as lembrancinhas para que eu e meu marido entregássemos a cada família. Foi maravilhoso receber o carinho de tantos amigos e perceber que, mesmo em um momento complicado de isolamento e restrições, todos pegaram sua máscara e dedicaram uma hora do dia para estar ali comemorando conosco, batendo fotos e provando que, com união, é possível superar qualquer dificuldade.

Afinal, centenas de casais como nós têm vivido momentos de incerteza ao gerar uma criança no cenário atual de pandemia, mas ver os amigos e parentes se alegrando conosco sem descer do carro e seguindo as regras de segurança só para estar ali mostra que, quando tudo isso passar, os bebês gerados em meio à crise receberão muitos colinhos, abraços e a certeza de que são muito amados.