Na casa do curitibano Cassiano Ribeiro já está resolvido: este ano cada membro da família vai ganhar apenas um presente de Natal. “Geralmente a gente se comove com a data e acaba abrindo a mão. Aí quer comprar um presente para o pai, outro para a mãe, um para cada irmão, para os avós, sobrinhos... Só que desta vez a coisa tá feia”, diz ele ao citar as consequências de um ano pandêmico como justificativa para a decisão.
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Como saída, eles optaram pelo típico amigo secreto no valor “simbólico” de R$50 e proibiram os mimos fora do combinado. “Foi um acordo entre todos. Assim, temos a certeza de que todo mundo vai ganhar alguma coisinha e que ninguém vai gastar mais do que pode. É mais para não passar em branco mesmo”, afirma.
Essa, provavelmente, vai ser uma tática adotada em muitos lares em 2020. Só é preciso saber explicar a mudança para as crianças, garantem os especialistas. “Se é uma família que tem o hábito da troca de presentes e de repente decide que não vai mais ter, isso pode ser doloroso para a criança. É muito difícil para ela ter uma expectativa e aquilo não acontecer”, aponta a psicóloga Marjorie Rodrigues Wanderley, professora da Faculdade Estácio Curitiba.
Por isso, a dica é falar antes. “Ter essa conversa antes previne, inclusive, que a criança ache que é alguma coisa com ela. Porque como as crianças ainda são muito egocêntricas, elas podem acabar achando que não receber presente de tal pessoa está relacionado com alguma coisa que ela fez”, alerta.
Na balança
Segundo Marjorie, o valor e o tipo do presente também podem ser negociados - respeitando os tempos difíceis. “Conhecendo a criança, é importante avaliar junto com ela se é algo que ela realmente quer ou se são aquelas necessidades momentâneas impostas por um comercial de TV, por exemplo”, indica. “Ao defender o porquê daquela boneca, o porquê daquela marca, o porquê daquele valor, a própria criança pode perceber que aquilo não faz tanto sentido”, completa.
Ainda pelo que orienta a psicóloga, é bom estar sempre de olho nas brincadeiras dos filhos até para entender no que vale a pena, ou não, investir. “É importante que a criança saiba que aquilo que a gente tem, aquilo que a gente conquista, tem que fazer sentido para a gente. Casar com a nossa rotina, com os nossos valores, necessidades ou mesmo vontades genuínas”, conclui Marjorie.