Aprendi uma palavra nova e pela qual me encantei: magnanimidade. Conhece? Se sim, desculpe aí minha ignorância, mas só conhecia de “ouvir falar”; o conceito ainda me era desconhecido até desvendar seu significado na prática do amor de mãe... de adolescente.
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Mas se você, como eu até bem pouco tempo, não conhece, ótimo: seguimos daqui juntos de onde compartilho a experiência de ter desvendado a fascinante palavra a partir de uma frase bem mais conhecida e idílica aos meus parâmetros: pelo “amor de mãe”... de adolescente.
O tal amor de mãe
Magnanimidade significa bondade de coração, generosidade. Há quem diga mais do que isso: “é indulgência com nobreza”, como exposto em conceituado portal teórico.
Instigada a traduzir a fascinante palavra em termos práticos – como era de se esperar de mim, mãe da vida como ela é – segui a leitura ansiosa por poder aplicá-la em um contexto prático da vida real e sem firulas. Avancei um pouco, mas a questão permaneceu latente: o que me faz ser de fato magnânima?
Carecia entender o conceito na prática. Talvez por já pressentir sua relação com o amor de mãe de adolescente; fato é que quis saber como a palavra se ajustava à vida real. Precisava exemplificar o conceito.
Levei o tema a alguns amigos e, como toda conversa respeitosa e engrandecida por diferentes perspectivas, a discussão foi rica. Entre conceito e exemplos, concordamos em pontos, diria, cruciais: ser magnânimo é, antes de tudo, perdoar não importa o que aconteça; é amar mesmo a quem pensamos não merecer nosso amor; é doar-se por inteiro, inclusive a vida se necessário.
A palavra, o conceito e o amor de mãe
Já tentara conceituar amor de mãe outras inúmeras vezes. Perguntava e escutava opiniões na maioria das vezes frases feitas e até inspiradoras, mas clichês demais ao meu interesse por evidências em vez de palavras. Assim todos – inclusive eu – fracassavam na tentativa de explicar o até então inexplicável.
Por meio de frases idílicas, o conceito de amor de mãe morria repetidamente na subjetividade de mensagens bonitas e pouco práticas. Conceituar amor de mãe virara, então, enigma indecifrável a mim.
Insatisfeita com as respostas pueris e bucólicas, assumi a indefinição do amor de mãe, contrariada e temporariamente aquietada com a bonita, tocante e inconsciente teoria do inexplicável:
Amor de mãe simplesmente é; emoção sentida e singularmente experimentada. Não falada, nem explicada, é surpreendentemente vivida.
Mas, deslumbrada com a nova palavra e então mãe de adolescente, a abafada inquietação voltou mais forte do que antes. A charada provisoriamente guardada ressurgiu para finalmente ser desvendada no cotidiano com filhos adolescentes quando o tão falado amor de mãe se aperfeiçoa em sua magnanimidade prática do dia a dia.
Amor de mãe magnânimo
Certo autor define: magnanimidade é prática diária de perdão, amor e doação. Fácil então relacioná-la a amor de mãe, especialmente ao de mãe de adolescente. Recordo o Dr. P. Jenkins, conhecido psicólogo americano, afirmando ser a parentalidade, “antes de tudo amar filho no matter what/even if”(não importa o que/mesmo se), segundo ele.
Unidos os conceitos, o antigo enigma começou a se desvendar diante de mim no cotidiano: amor de mãe de adolescente é por si só praticar a magnanimidade: mãe de adolescente perdoa todo o tempo, renova créditos com o filho a todo instante, realmente acredita que, “na próxima” (independentemente do número de tentativas), o filho acerta, aprende... cresce.
Amor de mãe de adolescente perdoa as intempestivas mudanças de humor, o distanciamento repentino, a introspecção solitária, a negatividade assustadora, a irritação despropositada, a crítica ácida, a reatividade desproporcional. Mãe de adolescente perdoa a alergia aos pais! Mãe de adolescente ama com magnanimidade... apesar dos pesares. Isso é amor de mãe.
Amor de mãe de adolescente
Por tudo isso – e muito mais! – amor de mãe de adolescente se traduz em doação total. Não importa o que ou mesmo quandoofilho não merece o meu amor, me fere e frustra, o amor permanece. É magnânimo!
Finalmente o que parecia ser indecifrável ganhou resposta pela prática diária de toda mãe de adolescente da vida real. Como tal, enfim consegui transformar o conceito em exemplo prático, diário e vivencial.
Viver este amor me cobrou vigilância redobrada às frequentes ciladas que tentavam me fazer desistir do meu filho. Enxergar o amor de mãe magnânimo me conscientizou do necessário esforço maior de diariamente aperfeiçoá-lo e continuamente investir nele, o cerne de uma relação saudável em família: amar generosamente apesar e por causa dos pesares.
Seria possível torná-lo ainda mais magnânimo? Seguramente que sim. Afinal, amor de mãe de adolescente não tem fórmulas, receitas nem medidas. É indulgência singularmente vivida com a grandeza de sermos mães que, no matter what/even if, amamos nossos filhos. Até quando adolescentes. Hoje posso dizer: vivo, na prática, a magnanimidade.
*Xila Damian é escritora, palestrante e criadora do blog Minha mãe é um saco!, espaço em que conta as situações cotidianas e comuns que vive sendo mãe de adolescentes, buscando desmistificar clichês sobre essa fase dos filhos, para transformá-la em um tempo de aprendizado.