A mãe já amamentou o bebê, trocou a fralda, deu colo, cantou, brincou, mas não sabe mais o que fazer para entretê-lo. “Aí acaba colocando o pequeno na frente da tevê”, lamenta a doutora em psicologia Lídia Weber, ao garantir que essa estratégia não traz benefícios e ainda prejudica o desenvolvimento físico e emocional da criança. “Afinal, o bebê precisa de tempo de qualidade com seus cuidadores”.
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Segundo a especialista em comportamento infantil, o cérebro é moldado pelos estímulos e afeto que recebe, então a família deve oferecer isso à criança. “Os filhos precisam de socialização, brincadeiras e de atividades que os ensinem regulação socioemocional”, aponta a pesquisadora. “E deixar o bebê brincando com um celular não ajudará”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças precisam estar ativas fisicamente durante o dia para terem saúde física e emocional. Além disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirma que a exposição infantil às telas pode causar transtornos de alimentação e sono, prejudicar a visão e trazer problemas como ansiedade e comportamentos agressivos.
Por isso, telas não são indicadas antes dos 2 anos e seu uso não deve ultrapassar uma hora diária para os pequenos até 5 anos. “É preciso deixar a tevê de lado e brincar, porque a infância passa muito rápido”, pontua Lídia, ao explicar que as atividades devem acontecer em diferentes ambientes da casa, na natureza e também em passeios. “Nada de deixar o filho preso no cercadinho”.
E foi pensando nisso que a arquiteta Camila Linhares decidiu dedicar seu tempo para estimular o filho corretamente. “Eu queria acompanhar cada fase dele, cuidar da alimentação, do desenvolvimento psicomotor e ensinar valores”, afirma a paulista, que precisou de paciência e muita criatividade. "Inclusive, o Pinterest me ajudou”, brinca.
Segundo ela, muitas mães e professoras publicam sugestões de atividades na internet, e ela aproveitou para colocar a maioria em prática. “Fazíamos brincadeiras com as mãos, pegando em texturas, mexendo com água sentindo objetos e pintando”, conta. Além disso, “eu usava embalagens e caixas para estimular a coordenação motora do Bruno e aproveitava tudo da casa, transformando o corredor em campinho de futebol e lençóis em cabana, por exemplo”.
A arquiteta também apresentou livros coloridos para o filho desde cedo e contava histórias para ele com bonecos, cenários e embalagens. “Programávamos um ou dois passeios por semana, saíamos todo dia para o pátio do prédio e transformávamos atividades domésticas em brincadeiras”, recorda Camila, ao citar que o filho a ajudava a “varrer” o chão, “lavar” louça e a separar ingredientes para refeições. “Tanto que hoje ele gosta de me ajudar a fazer bolos e outras receitas”.
E esse é apenas um dos resultados. De acordo com ela, Bruno está com três anos e três meses, se desenvolveu super bem, aprendeu as letras, conhece nomes de animais que nem adultos sabem e tem ótima coordenação motora e noção corporal. “E eu consegui conhecer meu filho”, afirma. “Sei tudo que ele gosta, temos uma ligação forte e pude aproveitar os grandes e pequenos momentos com ele de um jeito inesquecível”, finaliza, emocionada.
O que fazer?
- Levar a criança para parquinhos públicos, praças, algum parque próximo de casa e a museus, para que o filho brinque ao ar livre, faça um piquenique, interaja com outras crianças e aprenda coisas novas.
- Deixar livros infantis à disposição do bebê, ler bastante para ele e até incentivá-lo a visitar uma livraria com você para olhar livrinhos novos.
- Preparar algumas caixas, gavetas ou um armário da casa com itens seguros para que a criança possa explorar, tirar e colocar.
- Usar muito as mãos, brincando com massinha de modelar, tinta e produtos com texturas diferentes. Inclusive, dá para preparar a massinha caseira com a ajuda da criança, usando algumas gotas de corante, 4 xícaras de farinha de trigo, 1 xícara de sal, 1 ¹/² xícara de água e 1 colher de chá de óleo.
- Incentivar a criança a brincar na terra, areia e na grama, pois o contato com a natureza ajuda no controle de doenças crônicas, favorece o desenvolvimento neuropsicomotor, equilibra os níveis de Vitamina D e proporciona bem-estar mental.
- Transformar atividades domésticas em brincadeiras no dia a dia, incentivando a criança a guardar as panelas da cozinha com você, ajudar nas compras e também no preparo de alimentos, separando ingredientes e descascando frutas.
- Usar músicas no dia a dia, cantando para a criança, dançando com ela, brincando com instrumentos musicais de brinquedo e até produzindo alguns com materiais recicláveis. A criança vai gostar muito de produzir seu próprio instrumento!
- Aproveitar os diferentes espaços da casa para montar cabanas com lençol, inventar uma “praia” com bacia de água e brinquedos de areia, ou um “zoológico” com bichinhos de brinquedo.
- Usar objetos da casa para montar atividades, como “pescar” bichinhos em um balde com água, colocar prendedores de roupa em um barbante para treinar a coordenação motora ou desembrulhar brinquedos enrolados em papel.
- Se possível, buscar atividades externas, como natação, musicalização ou oficina de desenho, por exemplo.