Jahi Chikwendiu/The Washington Post
Jahi Chikwendiu/The Washington Post| Foto:
Lauren Lumpkin, The Washington Post 

Jim Halsey, de 83 anos, viajou para o Japão e Coréia do Sul, através da Europa e América Central. Recentemente, ele se encolheu em um barco estreito de madeira e viu um elefante atravessar um pântano em Botsuana, na África.

Halsey, que era advogado antes de se aposentar, não precisou deixar sua cadeira de rodas no Lar de Idosos Powhatan, que fica na cidade de Falls Church, no estado norte-americano da Virgínia, para fazer a viagem. Ele e vários outros residentes da casa de repouso colocaram óculos de realidade virtual e puderam viajar para o sul da África, bem como para a Antártica.

Carleigh Berryman, de 22 anos, rastejou entre cadeiras de rodas para colocar fones de ouvido e óculos de realidade virtual nos residentes da casa de repouso. Sua empresa, Viva Vita, foi projetada para levar experiências de realidade virtual a homens e mulheres mais velhos que não podem mais viajar.

“É emocionante. É diferente”, disse Halsey sobre sua turnê virtual pelo Botsuana. Ele descreveu orangotangos e tigres que apareciam no volumoso conjunto de óculos no rosto.

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Carleigh criou o Viva Vita ainda na Universidade George Washington (GWU). Ela garantiu o prêmio de US$ 5 mil (cerca de R$ 20 mil) na New Venture Competition, uma competição da Universidade para novos empreendedores.

Carleigh entrou na disputa como veterana – passando por várias etapas enquanto estudava para os exames e se preparava para a sua formatura – e ganhou como segunda colocada. O dinheiro ajudou a pagar o equipamento necessário e a cobrir os custos associados ao registro da empresa.

Incentivo ao empreendedorismo

Desde 2009, a universidade concedeu mais de US$ 2,3 milhões (cerca de R$ 9,5 milhões) em prêmios em dinheiro e contribuições em espécie – como espaços de trabalho e serviços jurídicos – a cerca de 2 mil estudantes empreendedores, disse Lex McCusker, diretor de programas de empreendedorismo estudantil da GWU.

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As faculdades foram criticadas por formar estudantes que se sentem despreparados para o mundo real. Mas McCusker disse que o dinheiro da GWU ajudou os graduados a lançar empresas bem-sucedidas, incluindo a empresa de bebidas Capital Kombucha, a agência de marketing digital Social Driver e o KnoNap – um guardanapo que muda de cor quando detecta sedativos e identifica drogas em bebidas.

No último verão, a GWU recebeu 10 pequenas empresas em seu primeiro Summer Startup Accelerator (um programa acelerador de novas iniciativas). Carleigh e um estagiário passaram nove semanas refinando o modelo de negócios da empresa, conectando-se com as casas de repouso locais e desenvolvendo uma proposta para investidores.

“Alguns investidores se interessaram. Temos duas ou três pessoas com quem ainda estamos conversando”, disse Carleigh. “Queremos ganhar mais força e mostrar por que eles deveriam investir”.

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Carleigh disse que ganhou “alguns milhares de dólares nos últimos meses” ao agendar sessões com cerca de 10 comunidades de aposentados nos subúrbios, incluindo Powhatan. “Eu posso pagar meu aluguel, e isso é ótimo para mim”, disse ela.

Atividade preventiva

A ideia de Carleigh surgiu há quase dois anos, quando ela começou a aprender sobre altas taxas de ansiedade e depressão entre os americanos mais velhos. Isso a fez pensar em sua avó de 78 anos. “Não é algo que você pensa quando jovem”, diz a empreendedora. “Os sintomas de ansiedade ou depressão passam despercebidos ou não são tratados, e isso é parte aceita do envelhecimento”.

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Em 2017, adultos com 85 anos ou mais tiveram uma das maiores taxas de suicídio dos Estados Unidos: 20,1 mortes por 100 mil pessoas, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. A média nacional entre todas as faixas etárias é de 14 mortes por 100 mil norte-americanos.

Jordan Yates, coordenador de atividades de Powhatan, disse que a instituição tem um psiquiatra geriátrico que conversa com os residentes e ajusta suas dosagens de medicamentos. Em seu papel, Yates incentiva “o máximo de socialização possível” entre os moradores. “Sinto que é uma boa maneira de trazê-los de volta à comunidade”, disse Yates sobre os óculos de realidade virtual. “É trazê-los de volta para as coisas que eles gostam”.

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“Talvez possamos trazer alguma alegria de volta à vida desses idosos”, disse Carleigh. “Podemos trazer algo emocionante para eles, para que possam continuar aprendendo e explorando o mundo”.

A esposa de Halsey, Ellie Dasenbrook, de 73 anos, estava de pé atrás da cadeira de rodas do marido enquanto assistia ao vídeo em 360 graus dentro dos óculos especiais. Diferentemente dos vídeos tradicionais, os vídeos em 360 graus são gravados com várias direções ao mesmo tempo. Por isso, eles proporcionam uma vista panorâmica que se move com o visualizador. Um sorriso tomou conta do rosto de Dasenbrook.

“Esse tipo de atividade é exatamente o que eles precisam”, disse Dasenbrook, que visita seu marido todos os dias em Powhatan. “Eles não podem viajar como costumavam fazer, mas ainda devem ter essas oportunidades. Eles precisam do exercício cognitivo”.

O vídeo de realidade virtual usado por Mary Chiappetta, de 90 anos, a levou a nadar sob as calotas polares da Antártica. “Eu costumo assistir essas coisas na televisão”, comenta a senhora. “É um projeto maravilhoso. Eu já vi fotos antes, mas isso está bem na minha frente”. Moradores que experimentaram a realidade virtual disseram que tentariam novamente. Alice Murray, de 87 anos, disse que da próxima vez gostaria de viajar virtualmente para a Irlanda. O país foi sua casa por 20 anos. “Foi bom ver todas essas coisas sem sair da cadeira”, disse ela.

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