William Bilches
William Bilches| Foto:

Quando a paranaense Raquel Garibalde foi diagnosticada com neurofibromatose, a doença já estava em estágio avançado. Ela nasceu com a condição e descobriu aos 26 anos de idade, que era portadora dessa doença que causa tumores no sistema nervoso e não tem cura. O tratamento depende de uma dose alta de remédios: Raquel tomava 14 comprimidos pela manhã, à tarde 18 e à noite 28. Além disso havia a dose de morfina a cada quatro horas. Quase 10 anos depois, essa rotina só foi deixada de lado quando ela engravidou do terceiro filho, em maio de 2018.

Entre os sintomas da doença estão a paralisia dos membros, perda da audição e da visão, e tumores cancerígenos aparecem pelo corpo. Houve um tempo em que Raquel passou seis meses em uma cadeira de rodas, por exemplo, e ela precisou fazer duas cirurgias e implante de um eletrodo medular. Os remédios sempre foram imprescindíveis para sua qualidade de vida, mas com a gravidez, ela abriu mão dos medicamentos para evitar sequelas na criança.

A história da gestante que optou pela vida do bebê e acabou sendo salva por ele

A recomendação médica em casos de gravidez desse tipo é que a paciente faça um acompanhamento em unidades para gestantes de alto risco. Ao Sempre Família ela contou como foram aqueles meses iniciais da gestação. “Meu caso é considerado raro, por isso ficamos assustados. Muitos abriram mão de mim e até mesmo me incentivaram a abortar. Mas isso nunca passou em minha cabeça”, lembra.

As chances de o bebê nascer perfeito eram pequenas, de acordo com os médicos. “Eles haviam me dito certa vez que eu sequer poderia engravidar devido a carga química no meu corpo”, comenta. “E pouco tempo antes de eu descobrir a gravidez fiz ressonância, raio X e outros exames que poderiam comprometer a saúde do meu filho. Mas nada aconteceu”.

Os nove meses não foram fáceis. Não fosse o apoio de Hugo, seu marido, e dos filhos Victor, de 15 anos, e Ana Luiza, de 11, seria ainda mais complicado. “Meus filhos, mãe e marido me apoiaram desde o começo. Meu esposo sempre me fazia sorrir, assim eu nunca deixei a doença tomar conta da minha vida, principalmente na gravidez”, observou.

Perfeita

No fim de janeiro, com 38 semanas de gestação, Emanuelly Vitória nasceu pesando 2.895 kg. Saudável, após a cesárea não foi necessário nem o uso de uma incubadora.  “Ela é um presente de Deus para nós. Depois de receber a graça de voltar a andar, ela é meu novo motivo para continuar lutando pela vida”, destacou Raquel.

Mãe e filha estiveram em Curitiba recentemente para que Raquel pudesse iniciar o procedimento de uma cirurgia que ela precisa fazer de retirada de um novo neuroma que apareceu em sua coxa. “Eu amamento minha filha e por isso não voltei a usar os medicamentos ainda. Por isso esse neuroma apareceu”, explica. “Mas essa foi uma escolha que fiz, para que minha pequena pudesse estar hoje em meus braços. Ela nasceu saudável. Corri o risco e faria de novo”.

 

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