Impressionar o mundo virou uma coisa banal para a norte-americana Katie Ledecky. Com apenas 19 anos de idade, o mais novo fenômeno da natação mundial chocou o público presente no Estádio Aquático Olímpico, no último domingo (07/08) quando quebrou o recorde mundial dos 400 m livre e ganhou sua primeira medalha de ouro nesses Jogos Olímpicos.
A primeira, porque Ledecky traz na bagagem muitos outros títulos e é esperança de mais medalhas nesta edição. Ela foi campeã olímpica nos 800m livre nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e também é dona de cinco ouros no último Campeonato Mundial, em 2015, além de quatro na edição anterior, em 2013. No sábado, Ledecky já havia ganho uma prata no revezamento 4 x 100 livre.
O que poucos conhecem é a intensidade da sua prática religiosa. Depois de ganhar o ouro em Londres, ela e sua mãe foram até o convento das irmãs do Imaculado Coração de Maria, em Bethesda, Maryland, para agradecer às religiosas que foram suas professoras na Little Flower School. Ela e sua mãe levaram bolinhos às freiras, que compartilharam um pouco da glória olímpica da sua ex-aluna, enchendo-a de perguntas e se revezando para experimentar a medalha de ouro no pescoço.
Quando Ledecky, na época com 15 anos – o membro mais novo da delegação norte-americana –, terminou em primeiro lugar a prova feminina de natação 800 m livre, foi uma das grandes surpresas dos Jogos de 2012. Para as irmãs da escola, porém, sua visita não foi uma surpresa, porque a vida da garota nas piscinas é marcada por trabalho duro, determinação e competitividade, mas a sua vida fora das piscinas gira em torno de sua fé. Ela faz questão de evidenciar a gratidão que sente pelas escolas católicas dos subúrbios de Washington e pelo apoio que as comunidades religiosas lhe deram.
“Minha fé católica é muito importante para mim”, disse Ledecky em uma entrevista ao jornal Catholic Standard. “Sempre foi e sempre será. É parte de quem eu sou e me ajuda a pôr as coisas em perspectiva”, afirmou a nadadora.
“As escolas católicas onde estudei me desafiaram, alargaram minha perspectiva. A importância do equilíbrio na vida de uma pessoa é uma das lições que aprendi, que me ajudará na universidade e depois”, contou a medalhista que, mesmo depois de ser reconhecida como uma das melhores atletas do mundo, atuou como voluntária na escola onde estudou por dez anos.
Infância
“Você não saberia que ela é uma estrela olímpica. Ela é muito humilde a respeito de suas conquistas”, disse a ex-diretora do colégio, a irmã Rosemary Rynn. Ledecky começou a nadar aos 6, em uma equipe de sua comunidade, junto com seu irmão, três anos mais velho. A família sempre foi um apoio importante em sua carreira, bem como o seu padrinho, o padre Jim Shea, ex-provincial dos jesuítas.
O colégio onde ele cursou o ensino médio também tem boas lembranças da campeã olímpica. “Ela é muito abençoada fisicamente, mas isso nunca é o bastante. O que a faz especial é o que ela tem dentro”, disse Jason McGhee, diretor de educação física do colégio Stone Ridge, das irmãs do Sagrado Coração de Jesus.
Durante o tempo em que estudou lá, Ledecky participou da coordenação da pastoral do colégio, ajudando a planejar retiros, celebrações litúrgicas e momentos de oração. Ela também ajudou servindo refeições a pessoas em situação de rua, visitando soldados feridos em um hospital próximo e junto à ONG Bikes for the World, que recolhe doações de bicicletas para pessoas de países em desenvolvimento.
“Ela é uma pessoa de fé, muito comprometida com o serviço ao próximo”, disse Catherine Ronan Karrels, diretora da escola. Ledecky costuma rezar a Ave Maria no vestiário antes de começar as competições. Ela diz que a oração a ajuda a se acalmar e a manter o foco.
“Rezar antes da competição me permite passar alguns momentos em conexão com Deus. Embora eu esteja em um evento enorme com milhares de pessoas assistindo, é importante para mim reservar um tempo para dar espaço a Deus e agradecer a Ele. Ele sempre estará no centro da minha vida”, disse a jovem, em uma entrevista ao Catholic Standard.
Treinos
Mas não é apenas a oração que leva Ledecky à vitória. Ela treina de oito a nove vezes por semana na piscina, em sessões de duas horas, além de duas a três sessões de exercícios fora da piscina, de uma hora cada. “A natação mostra que se você trabalhar duro, pode fazer os seus sonhos virarem realidade”, afirmou a nadadora.
Antes de vir ao Brasil para os Jogos Olímpicos, Ledecky participou de uma missa na Little Flower School. O capelão, monsenhor Peter Vaghi, deu uma bênção especial à atleta na ocasião. “Ela é bastante enraizada em sua fé e apoiada por uma família e uma comunidade realmente amáveis”, disse a diretora Karrels. “Ela é uma jovem incrível, que por acaso é nadadora”.
Com informações de Crux
Colaborou: Felipe Koller
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