Como reflexo de um Brasil com a maioria da população contrária ao aborto, nos últimos anos, surgiram centenas de iniciativas que pretendem fazer algo de concreto pela causa. Cada uma com seus trabalhos específicos, mas todas com um mesmo objetivo: salvar a vida tanto do bebê quanto da mãe. A mineira Simone Aparecida Soares Calegário foi uma dessas pessoas que entendeu o quanto um trabalho mais direcionado com as mães propensas ao aborto provocado era urgente e necessário.
Motivada por outras pessoas envolvidas na causa pró-vida como a Mariângela Cônsoli da Associação Guadalupe , Zezé Luz e a cantora Elba Ramalho, Simone começou buscar, apoiada na fé, um local onde pudesse reunir pessoas de boa vontade para lhe ajudar nesta missão de “salvar vidas para o céu e evitar a morte de inocentes”. Para ela, não se pode apenas salvar um bebê de ser abortado e parar nisso. É preciso amar, dar apoio psicológico, emocional, oferecer atendimento médico, enxoval para o bebê, cesta básica, além de outras demandas que vão surgindo em cada atendimento.
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Em 2016, Simone viu suas orações serem atendida ao encontrar uma casa em local estratégico. O espaço ficava na região onde morava em Belo Horizonte, em frente à sua paróquia e em um centro comercial e residencial que as mães em situação de risco vindas de todos os lugares, até os mais distantes, poderiam encontrar facilmente. Contando com o apoio do arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a Casa Mãe Oásis da Imaculada – Centro de Defesa do Nascituro foi inaugurada em dezembro daquele ano. Além de acompanhar o trabalho da casa até hoje, o arcebispo ainda designou um padre para cuidar do atendimento espiritual das gestantes e também dos voluntários.
O principal projeto da casa foi denominado de Mamãe Oásis. Os voluntários acolhem as gestantes e puérperas (mães que tiveram filho há pouco tempo) que chegam encaminhadas de vários lugares – Conselho Tutelar, instituições de ensino ou religiosas, entre outros – e também aquelas que, literalmente, batem na porta da casa buscando ajuda. “Recebemos essas meninas, muitas delas, vítimas de violência sexual e doméstica, e elas aprendem que perdão existe e que lutar por elas mesmas é essencial”, conta Simone. “Além disso incentivamos cada uma a cuidar de seus filhos com atenção, carinho, amor e isso só é possível num processo de aprendizado mútuo e que, muitas vezes, não conseguirão sozinhas, por isso estamos aqui”, explica.
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Após um segundo atendimento acompanhado por uma assistente social, as mães são encaminhadas para oficinas de artesanato, culinária, momentos culturais, de espiritualidade, palestras para formação, terapia em grupo e individual, entre outras atividades. As crianças também são recebidas com todo carinho na casa, eles acompanham as mães durante as oficinas e são cuidados por voluntários com hora do banho, alimentação, brincadeiras e até podem dormir em um quarto preparado especialmente para eles.
Segundo Simone, essas mães passam a descobrir que o filho indesejado não é mais indesejado, mas um ser humano especial que veio trazer luz para a vida delas, mesmo com as dificuldades. Até naqueles casos em que o bebê é fruto de uma terrível violência, as mães compreendem que ele também é uma vítima e precisa ser amado. “Nosso diferencial é o amar, amparar, capacitar e formar. Elas chegam e ficam até o momento que se sentem prontas para retomar suas vidas”, explica a fundadora.
Desafios e expectativas
O maior desafio da Casa é a questão financeira, afinal, as mães são mantidas com transporte, alimentação todos os dias em que estão na casa, kit higiene para os filhos, entre outras necessidades pessoais de cada uma. Mas Simone acredita que, por ser uma obra de Deus, Ele tudo providenciará. “A nós, cabe confiar, trabalhar e acreditar no milagre todo dia, pois ele acontece”, afirma.
Além do trabalho diário na associação, a Casa Oásis da Imaculada também realiza eventos em defesa da vida, como simpósios, atos de rua, atos nas paróquias, palestras e capacitação de agentes pró-vidas em Belo Horizonte e outros municípios, tudo para promoção e defesa da vida humana. “Deste trabalho, ainda espero contribuir em nosso município, com uma lei municipal que venha de encontro à defesa do nascituro, à proteção dele. Criar no calendário do município o Dia do Nascituro ou o Dia da Conscientização da Vida Humana Indefesa”, conclui Simone.
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