O senso comum diz que quanto maior é o investimento de um governo em educação sexual e distribuição de métodos contraceptivos (como camisinhas e pílulas), menor resulta a taxa de gravidez entre adolescentes. Um estudo de pesquisadores britânicos, porém, mostra que na Inglaterra aconteceu exatamente o contrário. Entre 2007 e 2015 a taxa de gravidez na adolescência caiu 42,6%. O que chama a atenção é o fato de que em 2008 o governo diminuiu consideravelmente o dinheiro gasto com educação sexual e distribuição de contraceptivos.
Publicado no periódico Journal of Health Economics, o estudo, de autoria do professor David Paton, da Escola de Negócios da Universidade de Nottingham, e do pesquisador Liam Wright, da Universidade de Sheffield, comparou as taxas de gravidez na adolescência (concepções que terminaram em nascimento ou aborto em meninas com menos de 18 anos) e as verbas destinadas para programas de educação sexual e acesso a contraceptivos em 149 subdivisões administrativas da Inglaterra.
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A conclusão foi de que quanto maiores eram os cortes de verbas para esses programas, maiores eram as quedas nas taxas de gravidez adolescente. O efeito era sutil – para cada 10% de redução no investimento, constatou-se uma diminuição de 0,25% no número de gestações abaixo dos 18 anos –, mas consistente.
“Correlação não significa causa”, explicaram os autores do estudo em um artigo no jornal The Independent. “Pode ser que áreas em que houve grandes cortes experimentariam uma redução das taxas de gravidez de qualquer maneira”. Para eles, a lição fundamental da pesquisa é que parece que seria mais produtivo para as políticas públicas focar em causas subjacentes do problema da gravidez na adolescência, como níveis de pobreza e escolaridade.
Razões
Ainda assim, para tentar encontrar uma explicação para o resultado de seu estudo, Paton e Wright recorrem a um argumento do economista George Akerlof, ganhador do Nobel de Economia de 2001. Para Akerlof, se o acesso a contraceptivos é facilitado, a atividade sexual na adolescência – incluindo comportamentos de risco – também aumenta, o que leva a uma probabilidade maior tanto de gestações não-planejadas quanto de doenças sexualmente transmissíveis.
Seja qual for a hipótese adotada, uma das conclusões do estudo é incontornável. Os cortes no investimento nesses programas não aumentaram as taxas de gravidez na adolescência, como temiam muitos analistas. Mesmo assim, os pesquisadores pedem cautela nas análises. “Se, com o corte de verbas, os projetos menos efetivos foram descontinuados primeiro, pode ser que cortes subsequentes tenham efeitos diferentes. Talvez possam haver consequência a longo prazo que ainda não somos capazes de observar”, esclarecem.
Com informações de Fox News e The Independent.
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