A humildade é uma virtude que nem sempre é compreendida em sua essência. Ser humilde não significa estar em uma posição de inferioridade e muito menos está relacionado ao conceito de pobreza. O real significado da palavra diz respeito ao caráter do indivíduo.
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A psicopedagoga Angela Cristina Candeo, especialista em desenvolvimento pessoal e familiar, explica que uma pessoa humilde revela a nobreza de seu caráter ao “despojar-se de falsas imagens sobre si mesmo, ser verdadeiro e, de forma consciente, assumir suas limitações reconhecendo que há sempre algo novo a ser aprendido com o outro”. É uma qualidade na qual todos se encontram no mesmo nível de dignidade, respeito, simplicidade e responsabilidade.
Ser humilde é uma característica que deve estar presente em todos os níveis de relacionamento da família – entre o casal, na relação dos pais com seus filhos e vice-versa. Angela salienta que ser humilde ajuda a tornar o indivíduo mais sensível, flexível e resiliente. No que diz respeito ao casal, este atributo contribui para adotar uma atitude gratuita e receptiva para com o outro, com reconhecimento de seus valores e limites e atenção às necessidades do parceiro. “Consiste na busca pelo diálogo e entendimento, sem arrogância ou prepotência”, afirma.
Pais devem ser o exemplo
A psicóloga Bianca Berlim Zambon observa que é com a humildade que a pessoa assume seus erros e os corrige para promover um convívio melhor. Os pais devem ensinar aos filhos que “o erro é a partida para a busca do acerto, dando o exemplo sempre”, ressalta Bianca. Mães e pais humildes abrem espaço para que os filhos compartilhem seus sentimentos e aprendam juntos a enfrentar os problemas, a ganhar e perder, promovendo a evolução do indivíduo, do casal e da família.
Os ensinamentos devem começar já na primeira infância e permear todo o desenvolvimento das crianças. A psicóloga Maísa Pannuti, mestre e doutora em educação e professora titular do curso de Psicologia da Universidade Positivo, esclarece que a humildade implica perceber a imperfeição e buscar aprimoramento.
Diante dessa colocação, se o adulto tem uma atitude inadequada ou injusta, por exemplo, é essencial retomar a situação com a criança, pedir desculpas e explicar porque aquilo aconteceu. “Quando um adulto se desculpa e se retrata frente a criança, ela aprenderá a também desculpar-se e retratar-se, condutas admiráveis que devem ser construídas”, destaca.
Ao assumir suas falhas, os pais se aproximam e estabelecem uma relação de amor, respeito e confiança com seus filhos, criando um espaço de diálogo, escuta e entendimento. “Isso permite que os filhos aprendam a lidar com os dissabores e frustrações do dia a dia de forma tranquila”, pontua Angela.
O fortalecimento dos vínculos com honestidade e transparência influencia o comportamento das crianças na família e em sociedade e reforça o reconhecimento da importância das outras pessoas. “Ser humilde não é ser medíocre. A humildade nos torna mais humanos, nos ensina a nos colocar no lugar dos outros, a ter empatia, para que possamos ser pessoas melhores”, acrescenta a psicóloga Bianca.
Humildade na prática
A família é a principal referência dos filhos e é no núcleo familiar que as pessoas agem naturalmente, de maneira autêntica, e estão mais receptivas ao aprendizado. As especialistas listam atitudes que reforçam o ensino da humildade no contexto familiar:
- Para se aprimorar como pessoa, é preciso reconhecer seus próprios limites, admitir seus erros.
- Enxergar o outro como alguém merecedor de respeito.
- Não se considerar superior a ninguém e ter consciência de que momentos de convivência familiar não seguem hierarquia de poder.
- Elogiar o outro e mostrar admiração ajuda a fortalecer os valores e vínculos familiares e validam futuras ações.
- Ouvir é fundamental. Os pais devem se comprometer com este momento de escuta.
- Pedir conselhos demonstra que cada um possui habilidades em diferentes áreas.
- Brincadeiras, atividades em grupo e esportes podem ser ferramentas para ensinar as crianças a serem humildes dentro e fora de casa.