O governo da Guatemala, depois de ser pressionado por organizações pró-vida e pelos bispos do país, expulsou de sua costa o chamado “barco do aborto”, embarcação pertencente à ONG holandesa Women on Waves que oferece aborto gratuito a mulheres de países onde a prática não é permitida. O barco as leva para águas não territoriais para que elas abortem sem violar as leis locais.
O barco havia atracado no dia 22 de fevereiro em Puerto Quetzal, na costa do Pacífico e pretendia permanecer cinco dias no país. No dia seguinte, o Exército guatemalteco manteve a embarcação retida. Devido à custódia militar, a ONG não conseguiu realizar nenhum atendimento no país.
“O Exército da Guatemala, como responsável do mar territorial e com instruções do Comandante Geral do Exército [o presidente do país, Jimmy Morales], não permitirá que esta ONG efetue as suas atividades”, declarou um boletim do Exército.
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Ao mesmo tempo, o Diretório Geral de Migração do governo guatemalteco emitiu uma resolução ordenando que a tripulação fosse expulsa do país. A justificativa foi que, ao entrar no país, os membros da tripulação mentiram ao se declarar turistas. Foi o próprio presidente da Guatemala que instruiu que se deveria abrir uma denúncia junto ao Ministério Público contra os ativistas.
A embarcação foi expulsa no dia 27 de janeiro e escoltada por um barco da Marinha até o seu ingresso em águas internacionais. O barco havia partido de Smir, no Marrocos, depois de ter passado por Irlanda, Polônia, Portugal e Espanha. Levava ativistas austríacos, alemães, holandeses, espanhóis, norte-americanos, brasileiros e guatemaltecos.
Em um comunicado publicado em 24 de fevereiro, dois dias depois da entrada da embarcação na costa guatemalteca, os bispos do país alertaram que as ações da ONG, que tem sua sede em Amsterdã, eram “um atentado contra o direito humano à vida, a saúde das mulheres e a soberania do Estado da Guatemala”.
“Manifestamos nosso compromisso com a defesa da vida desde a concepção como está consagrado na nossa Constituição Política da República da Guatemala em seu artigo terceiro”, disse o comunicado da Conferência Episcopal da Guatemala.
A ONG Women on Waves se diz comprometida com os direitos das mulheres e propõe com seu barco “prover contraceptivos, informação, treinamento, oficinas e abortos seguros e legais fora das águas territoriais de países onde o aborto é ilegal”. O barco se mantém longe da costa, enquanto um iate busca as mulheres interessadas em abortar.
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