Você com certeza conhece uma mãe que não deixa ninguém tocar em seu bebê, nega colo e afirma não precisar da ajuda de ninguém. Em muitos casos, esses podem ser sinais de ciúmes, uma expressão do medo de perder algo que julga muito importante como o amor da mãe/pai, a atenção dos familiares, o brinquedo preferido. Velho conhecido de todos, esse sentimento pode acompanhar mães que acabaram de ter filhos e não conseguem controlar os ciúmes de seu bebê. Confira a entrevista do Sempre Família com Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por que mulheres sentem ciúmes de seus bebês?
É uma resposta evolutiva natural, uma vez que há milhares de anos as mães são responsáveis pelos cuidados com a prole. O ciúme tem uma função psicológica que envolve cuidado e proteção com aquilo que lhe é caro. A psicologia evolutiva sustenta que todas as emoções têm uma função de sobrevivência em um certo contexto, mas fora de controle elas podem se transformar em um problema que necessitará de tratamento psicológico.
Como o excesso de ciúmes prejudica a mãe? E o próprio bebê?
O excesso de qualquer emoção pode prejudicar a relação afetiva entre mãe e bebê devido à sobrecarga emocional depositada na relação. Em geral, as mães podem se sentir culpadas pelo ciúme excessivo expresso por seus bebês e aumentar a dose de proteção e vigilância, o que pode causar ainda mais estresse na relação.
Como administrar isso com a família?
É preciso estar aberta ao diálogo e compartilhar com os demais (marido, avós e filhos) sobre a dificuldade que está passando. Muitas das dificuldades deste momento de vida são passageiros, mas é preciso buscar ajuda quando percebe que o sofrimento está fora do controle e prejudicando o desenvolvimento da mãe, do bebê ou da família.
Há um limite no ciúme pelo bebê? Qual é?
O limite entre ser um problema e virar um transtorno é a intensidade e a frequência das crises de ciúmes. Sentir ciúmes é natural e faz parte do desenvolvimento emocional saudável, mas, quando percebemos que a emoção começa a tomar conta da vida e da relação entre mães e filhos, podemos estar lidando com outros problemas mais sérios, tais como: ansiedade de separação, depressão etc.
Em que momento isso passa do normal? Como tratar essa questão?
Quando as crises de ciúmes se tornam fora do controle, são intensas e frequentes. Neste caso é preciso buscar ajuda profissional especializada, através de psicólogo clínico e/ou psicoterapeuta.